*Por Rodrigo Rodrigues
Tido como crucial para o agronegócio brasileiro ao longo dos últimos anos, a rastreabilidade tem se mostrado uma ferramenta importante para garantir a segurança e a qualidade de produtos consumidos por milhões de pessoas em todo mundo. Por meio dela, tornou-se possível conectar todos os lados da porteira, permitindo que o mercado tenha plena ciência da origem e das etapas de produção dos produtos que partem do campo e acabam na mesa, na moda e no mundo.
Para aqueles que desejam abraçar esta pauta, a regulamentação oficial é restritiva e demanda que os produtores adotem tecnologia de ponta. Como essa pauta envolve desde a produção até a comercialização dos produtos, é preciso contar com ferramentas que permitam produtores identificarem cada lote dos seus produtos, registrando cada etapa produtiva, como armazenamento, transporte e venda.
Nesse contexto desafiador — mas de altíssimo potencial e impacto –, ferramentas como a inteligência artificial têm apresentado papel de muita relevância. Por meio da coleta e da análise de dados em tempo real, o agro tem vivido a oportunidade de melhorar a eficiência dentro desse escopo.
O que se tornou uma oportunidade de ouro para empresários de um tradicional mercado trabalharem em conjunto com diferentes players do pujante ecossistema brasileiro de inovação. No cenário, as startups brasileiras que operam no agronegócio, as chamadas agtechs, têm se destacado, apresentando soluções de inteligência artificial para o setor, amparadas por sensores e sistemas de monitoramento de extrema complexidade para aumentar a confiança de todo o sistema e atender aos anseios do consumidor mundial.
Potencial de crescimento: tecnologia como tendência
Um segmento dentro da cadeia do agronegócio que tem se mostrado de alto potencial é o mercado de algodão. Permitindo que produtores rastreiem seus processos de produção, da plantação até a entrega do produto final, o uso de tecnologia tem se mostrado fundamental para elevar os níveis de qualidade e segurança desses produtos.
No Brasil, esse tema passa longe de ser novidade. Ativo desde 2009, o Programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável), criado pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), se tornou um símbolo da busca dos cotonicultores do país em busca de uma produção mais sustentável. Desde então, esse programa tem exigido que produtores registrem etapas todas as suas etapas de produção, incluindo uso de insumos, controle de pragas e doenças e a colheita.
Por meio dessa proposta, produtores rurais se atualizaram e passaram a usar sistemas de identificação cada vez mais avançados, como é o caso da implementação de tecnologias de rastreabilidade dentro do método de identificação por radiofrequência, entre tantas outras.
Com o algodão brasileiro ganhando cada vez mais relevância no mundo, é importante não se limitar ao que vem sendo trabalhado até aqui. É importante entrar no radar dos produtores que a adoção de novas tecnologias, com o blockchain, são um caminho interessante de sustentabilidade para o setor. Além disso, é importante também conectar essas ferramentas a boa e velha maturidade em gestão, um desafio frequente do agro brasileiro.
A partir dessas ferramentas, é possível implementar rituais qualificados de gestão, trazendo mais efetividade para todo o processo de rastreabilidade, além de diminuir os custos e aumentar a eficiência dentro da porteira. No final do dia, o que vale a rastreabilidade? Alguém de fora, auditando e trazendo conforto e confiança para quem consome aquele produto. É a tecnologia a serviço do cliente final! Do campo à mesa, com confiança!
*Rodrigo Rodrigues é diretor para soluções de agronegócio da Falconi