Os preços do cacau na bolsa de Nova York estão nos maiores patamares em 46 anos. E pelas indicações de oferta no curto prazo, a tendência é ganhar ainda mais impulso. Nesta terça-feira (21/11), os contratos futuros do cacau para março, os mais negociados na bolsa, fecharam em alta de 1,65%, a US$ 4.118 por tonelada, um valor que não era visto desde 1977, segundo Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX.
O cenário de oferta restrita se agrava a cada semana, com os agentes de mercado atentos às chegadas nos portos da Costa do Marfim, o maior produtor mundial da amêndoa.
De acordo com Rossetti, entre os dias 13 e 19 de novembro, o volume de cacau entregue nos portos do país totalizou 67 mil toneladas, quase duas vezes menos que as 129 mil recebidas em igual período do ano passado. No acumulado da safra 2023/24, que se iniciou em outubro, as entregas de cacau na Costa do Marfim caíram 30%.
“Há relatos de que os estoques nas indústrias estão baixando. Mesmo com a falta de dados concretos sobre as reservas de cacau, esses números de entregas abaixo do ano passado reforçam o sentimento de déficit global pela terceira temporada consecutiva”, destaca o analista da StoneX.
Para reforçar a tendência de alta na bolsa nova-iorquina, Rossetti diz que os dados de vendas de chocolates de algumas das maiores indústrias do segmento, como Hershey, Barry Callebaut, Lindt e Nestlé, estão mistos, um sinal de que a demanda se mostra resiliente, apesar do aumento nos preços.
E como o quadro de aperto na oferta é preocupante, nem mesmo as movimentações macroeconômicas são capazes de quebrar a sequência de altas na bolsa.
“O cenário macro eventualmente influencia muito no rumo de preço das commodities, mas o cacau não tem reagido muito a esses fatores, pois em termos de oferta o quadro é crítico para responder a qualquer outro fundamento que não esteja relacionado com a disponibilidade”, avalia Rossetti.
Café
Na bolsa de Nova York, os contratos futuros do café arábica para março, os mais negociados, fecharam em queda de 1,52%, a US$ 1,6855 por libra-peso. Passada as preocupações com a onda de calor no Brasil, o otimismo com a safra brasileira do ano que vem volta a imperar no mercado, segundo Leonardo Rossetti.
“O fim momentâneo da onda de calor no país, combinado com uma previsão de chuvas em áreas produtoras nos próximos 14 dias tranquilizaram o mercado”, afirma o analista.
Segundo ele, algumas estimativas sobre a colheita brasileira no próximo ano começam a pipocar e jogam a safra no país ‘para cima’, reforçando as boas projeções para a produção brasileira. Novas projeções deverão ser divulgadas nos próximos dois meses, podendo movimentar ainda mais as cotações na bolsa, acrescenta Rossetti.
Algodão, açúcar e suco de laranja
Os contratos do algodão com vencimento para março do ano que vem fecharam a sessão de hoje em queda de 0,69%, cotados a 80,69 centavos de dólar por libra-peso. Nos negócios do açúcar, os papéis do demerara para março de 2024 fecharam em alta de 0,69%, com a cotação de 27,75 centavos de dólar por libra-peso.
Por fim, no mercado de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ na sigla em inglês) os lotes que vencem em janeiro fecharam a sessão em forte queda, de 2,35%, a US$ 4,158 por libra-peso.
Fonte:Globo rural