O Instituto Internacional para Sustentabilidade sustenta que a restauração florestal pode coexistir sem problemas com a agricultura, embora isso pareça um dos grandes desafios para a sustentabilidade ambiental e social global. Em artigo publicado no último dia 1º, na revista norte-americana Frontiers in Ecology and the Environment, pesquisadores do instituto mostram que para isso existe a conjugação entre um componente dentro da fazenda e outro componente de planejamento de política pública espacial.
O diretor executivo da entidade, Bernardo Strassburg, disse nesta segunda-feira (4) à Agência Brasil que já existem iniciativas que identificam áreas dentro da fazenda que são mais aptas para a produção agrícola, com investimentos para o aumento de produtividade, enquanto áreas com menor potencial de produtividade agrícola são destinadas à restauração florestal. “Isso já começa a acontecer em várias regiões do Brasil, até por causa do Código Florestal”, lembrou ele.
Strassburg ressaltou que, paralelamente a isso, é essencial que se identifique, com planejamento espacial de política pública, em que áreas há maior potencial para o desenvolvimento e a expansão da produção agrícola e quais as regiões em que, pela sua importância ecológica ou por uma questão relacionada à água ou a outros serviços ecossistêmicos, devem ser priorizadas para restauração florestal.
A proposta tem como foco principal as áreas de pastagens. Strassburg lembrou que 75% da área destinada à agropecuária no Brasil são direcionados a pastagens. Ele ressaltou que a maior saída para a conciliação da expansão agrícola com a conservação e restauração do meio ambiente está nas áreas de pastagens, “porque elas dominam territorialmente a área total no país”. Tomando por base que a produtividade é baixa nas áreas de pastagens, em relação ao potencial dessas regiões, os estudos feitos pelo instituto atestaram a capacidade de suporte sustentável dessas pastagens. Uma área que tem hoje uma cabeça de gado por hectare, segundo ele, poderia ter três cabeças, “ainda de forma sustentável”.
De acordo com o instituto, há uma identificação sustentável das pastagens, e muitas áreas podem ser liberadas para outros usos. No caso do Espírito Santo, que foi o exemplo citado no artigo, os outros usos consistem na expansão de áreas agrícolas, como destinadas ao café; de áreas de produção florestal e silvicultura, como eucalipto; e de áreas de recuperação florestal nativa.
“É através do aumento da produtividade das pastagens que se consegue liberar áreas para o aumento da agricultura e para o aumento de florestas nativas”, destacou o diretor. O instituto analisou dois programas lançados pelo governo do Espírito Santo que visam à restauração planejada da área: o Plano de Desenvolvimento da Agricultura (2008) e o Programa Reflorestar (2011) – ambos com metas ambiciosas nas frentes ambiental e agrícola.
Os programas objetivam restaurar 236 mil hectares de floresta em larga escala, até 2025; aumentar em 50% a cobertura florestal nativa no estado; e expandir em 284 mil hectares as áreas dedicadas a culturas agrícolas e em 400 mil hectares as plantações florestais. Strassburg salientou que as duas metas são factíveis, simultaneamente.
Fonte: Agência Brasil