Com o objetivo de prevenir a entrada desta praga no território paraense, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) iniciou a demarcação das rotas de risco para a monilíase e intensificou as ações de educação sanitária em municípios fronteiriços ao Estado do Amazonas.
As ações foram desenvolvidas em Juruti, que faz limite por via fluvial e por via terrestre com Parintins e nos municípios de Faro e Terra Santa, que são limítrofes por via fluvial com o município amazonense de Nhamundá.
De acordo com a Agência, o grande fluxo de pessoas, de circulação de mercadorias no comércio e o intenso transporte fluvial de embarcações, navios de linha, rabetas e lanchas entre esses municípios, além da movimentação de animais bovinos entre os períodos de seca e cheia das várzeas do rio Amazonas e seus afluentes, são características territoriais e culturais, que de certa forma contribuem para tornar a região vulnerável a praga, colocando esses municípios como de alto risco para a entrada da monilíase no Pará.
Diante dessa realidade, a melhor ferramenta são as ações educativas, que alertam a população sobre a ameaça fitossanitária. Segundo a Adepará, o apoio das comunidades, de técnicos e agentes comunitários de saúde tem sido fundamental. “A participação da comunidade é muito importante, pois são multiplicadores das informações. Conhecer os sintomas e saber como notificar a suspeita, é primordial para a erradicação de focos que porventura vierem a ocorrer.
A monilíase não afeta à saúde do homem, que pode continuar consumindo cacau e cupuaçu e polpas das frutas, o impacto direto é no comércio, desta forma precisamos do apoio da população tanto na área urbana quanto na área rural, nas ações relativas à prevenção da entrada da praga no Pará”, explica a agrônoma e fiscal estadual agropecuária Lucionila Pimentel.
Em Juruti, as ações compreenderam palestras em escolas para estudantes de agronomia e também para agentes comunitários de saúde. Na Escola Zelinda Guimarães, 100 pessoas assistiram à palestra. Também foram realizadas reuniões com técnicos, contabilizando mais de 20 pessoas.
Em Faro, as reuniões contemplaram técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura.Em Terra Santa, a palestra realizada na Escola Municipal Núbia Bentes Picanço contou com público diverso reunindo estudantes, professores, agricultores e agentes comunitários de saúde.
Durante os eventos, a equipe da Adepará abordou os sintomas e exibiu vídeos com a principal característica da praga, mostrando que o fruto fica recoberto por um pó branco de fácil disseminação. Quando questionados sobre como impedir a entrada da praga, os fiscais ressaltaram que está proibido a entrada de cacau, cupuaçu e partes destes vegetais, do Amazonas e do Acre para o Estado do Pará, conforme Portaria da Adepará (nº 7833 de 05 de Dezembro de 2022), que proíbe a entrada, o trânsito e comercio de materiais vegetais hospedeiros da monilíase dos estados com ocorrência da praga.
No total, as ações atingiram 200 pessoas que compareceram a reuniões e palestras, além de contatos individuais com autoridades e lideranças locais.
As ações tiveram apoio da gerente de Juruti, Perla Guedes e da equipe local formada pelo Fiscal Estadual Agropecuário Rogério Pessoa e os Agentes de Fiscalização Agropecuária Celso Anderson, Tarcísio e Marta.
Monilíase – A monilíase ataca os frutos do cacaueiro (Theobroma cacao), do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) e de outras plantas do gênero Theobroma em qualquer fase de desenvolvimento. Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é facilmente disseminada pelo vento e por materiais infectados como plantas, roupas, sementes e embalagens. A praga ocasiona perdas na produção que podem chegar a 100% da produção.
Produção de Cacau – o cacau é uma das cadeias produtivas mais importantes do Estado, pelo seu aspecto social, ambiental e econômico. Segundo dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), o incremento na economia do estado foi de 1,9 bilhões de reais, gerando emprego e renda para cerca de 30 mil agricultores, na sua grande maioria da agricultura familiar. fonte: https://agenciapara.com.br/