Ministro da Alimentação e Agricultura de Gana defende industrialização e maior valorização da cadeia produtiva do cacau no continente.
Durante a Nona Reunião da Iniciativa Africana de Commodities Sustentáveis, o ministro da Alimentação e Agricultura de Gana, Eric Opoku, criticou a disparidade entre a contribuição africana na produção global de cacau e os ganhos efetivos obtidos com esse mercado. Segundo ele, embora a África seja responsável por aproximadamente 70% da exportação mundial de grãos crus de cacau — principal matéria-prima do chocolate — o continente participa com apenas 1% do mercado global do produto final.
Opoku destacou que o atual governo ganês, liderado por John Dramani Mahama, está determinado a mudar esse cenário, buscando reduzir a exportação de matérias-primas in natura e focar na produção de bens manufaturados com maior valor agregado. “Quando você está apenas fornecendo matéria-prima, não está participando plenamente do mercado. Isso precisa mudar”, afirmou.
O ministro ressaltou que agregar valor ao cacau pode ser uma estratégia fundamental não apenas para aumentar a presença africana no mercado de chocolates, mas também para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico da região. “Gastos com a importação de alimentos e produtos manufaturados impactam nossas economias. Ao industrializarmos nossos recursos, poderemos criar milhões de empregos e fortalecer nossa economia”, completou.
Além disso, Eric Opoku mencionou o programa “Feed Ghana”, que visa não apenas garantir a segurança alimentar do país, mas também alavancar a produção agrícola para exportação e uso industrial. A proposta é romper o ciclo de dependência externa e reverter a lógica atual de exportação de insumos brutos e importação de produtos acabados.
“Se conseguirmos industrializar localmente os nossos recursos e dominar a cadeia de valor, seremos capazes de alimentar nossa população e reduzir significativamente as importações. Isso também criará oportunidades econômicas e nos dará autonomia”, concluiu o ministro.
A fala de Opoku destaca um dilema antigo enfrentado por diversas nações africanas: a dependência de exportações primárias e a dificuldade em transformar essas matérias-primas em riqueza local. A busca por soluções sustentáveis e políticas industriais eficazes continua sendo um dos maiores desafios — e também uma das maiores esperanças — para o futuro do continente.
Fonte: mercadodocacau com informações ghanaweb