Agricultoras do Pará levam suas experiências na produção de SAF-Cacau para evento na Bahia

As produtoras de polpas de frutas foram convidadas para compartilhar o trabalho desenvolvido na produção de Sistemas Agroflorestais (SAFs) na cultura cacaueira, realizada no município de São Félix do Xingu, sudeste do Pará.

As agricultoras da Associação de Mulheres Produtoras de Polpa de Frutas de São Félix do Xingu (AMPPF) são um exemplo de organização, trabalho e geração de renda. As frutas produzidas em suas propriedades se tornam polpas artesanais de qualidade reconhecida pelos órgãos públicos. E agora elas estão levando suas experiências na plantação de cacau ambientalmente sustentável para o Brasil.

A convite da Cooperação Brasil-Alemanha para o desenvolvimento sustentável (GIZ), representantes da associação participarão nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro do Simpósio sobre Sistemas Agroflorestais com Cacaueiro (SSF-Cacau). O evento é uma realização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em parceria com a GIZ, e ocorrerá em Ilhéus, na Bahia.

O SSAF-CACAU foi idealizado com o objetivo de ser um fórum de diálogo e intercâmbio de experiências sobre os aspectos tecnológicos e de sustentabilidade econômica, social e ambiental de sistemas agroflorestais com cacaueiro como modelo de agricultura sustentável nos trópicos.

AMPPF

Fundada em 2012, a associação celebrou em 2022 importantes conquistas que serão apresentadas durante o evento. “Atualmente somos 50 associadas e só este ano podemos contar que inauguramos a nossa agroindústria para beneficiar as frutas e o Viveiro de Mudas de Essências Florestais e Frutíferas. Recebemos, também, o nosso Selo Artesanal Vegetal da Adepará”, destaca Maria Helena Gomes, 32 anos, agricultura associada à AMPPF que vai representar a entidade durante o Painel 4 “Experiências Práticas de Cultivo de SAF com Cacau”. A fala ocorre na tarde do primeiro dia de evento, 30/11.

Maria Helena é dona do sítio Boa Esperança, uma propriedade com cerca de 48 hectares localizada na Vila Tancredo Neves, São Félix do Xingu, no Pará, cidade localizada a 1050 km de distância da capital, Belém. A partir do trabalho que desenvolve com apoio do programa Florestas de Valor, iniciativa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) com patrocínio da Petrobras e Governo Federal, Helena já soma seis hectares de SAF-Cacau. “Além disso trabalhamos com SAF-biodiverso, sistema silvipastoril, cultivamos hortas e pomares, atuamos com avicultura, gado leiteiro e as polpas e derivados das frutas”, comenta.

A organização é formada por mulheres que plantam e colhem frutas produzidas em quintais agroflorestais. Elas produzem cacau, cupuaçu, açaí, maracujá, entre outras culturas. Mas também produzem esperança e união na busca por equidade de gênero e respeito. “Trabalhamos com questões de gênero contribuindo com a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e na família, como alguém que tem sua renda e compartilha os deveres e direitos com seus cônjuges. Através dos Quintais Agroflorestais implementamos estratégias de manejo, gerando renda e qualidade de vida. Isso representa a valorização e o reconhecimento da agricultora familiar da região, colocando essas mulheres no papel de protagonistas”, afirma Celma Oliveira, analista de projetos do Imaflora.

Os SAF-CACAU envolvem o cultivo do cacaueiro em consórcio com outras espécies florestais de interesse econômico, como a seringueira, o coco, o açaí, a pupunha, espécies madeireiras, entre outras. Com ampla receptividade e adesão pelos agricultores das regiões produtoras de cacau, possibilitam a diversificação da produção, reduzindo o risco econômico para os agricultores, otimizando o uso do solo e, ainda, aumentando o sequestro de carbono, entre outras vantagens.

O simpósio em que Maria Helena vai compartilhar com o público a experiência apoiada pelo programa Florestas de Valor contará com 200 participantes presencialmente, com emissão de certificado, para um público que inclui pesquisadores, professores, alunos de pós-graduação, produtores rurais, técnicos agropecuários e profissionais da indústria relacionada à cadeia do cacau e chocolate. Haverá também transmissão online no site www.agrocacau.com

Florestas de Valor

Na manhã do segundo dia de evento, 1º/12, a gerente do programa Florestas de Valor, Helene Menu, participa do Painel 6 – Iniciativas no 3º Setor, que ocorre durante a atividade “Fazendo acontecer: iniciativas com SAF cacau”. Em sua participação, terão destaques as atividades do projeto desenvolvido com patrocínio da Petrobras, que atua em são Félix do Xingu com ações de fortalecimento de cadeias produtivas desenvolvidas por agricultores locais, com destaque para o desenvolvimento de capacidades para as boas práticas agrícolas, diversificação da produção, educação do campo, certificação, empoderamento feminino e gestão de cooperativas e associações. 

A implementação dos projetos apoia a manutenção da sociobiodiversidade amazônica e possibilita aos agricultores a permanência na floresta de forma economicamente sustentável. Os projetos e ações liderados pelo Imaflora no sudeste do Pará envolvem agricultores e agricultoras familiares de três organizações sociais: AMPPF, Cooperativa Alternativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu (CAMPPAX) e a Casa Familiar Rural (CFR). 

Sobre o Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.

Mais em www.imaflora.org

 

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