A produção de cacau na África Ocidental, principal região produtora do mundo, está enfrentando uma temporada marcada por variações climáticas que afetam as plantações de maneiras distintas. Enquanto alguns países, como a Costa do Marfim e Gana, enfrentam desafios relacionados à irregularidade das chuvas, outras nações, como Camarões e Nigéria, lidam com condições climáticas que exigem medidas adicionais de controle de pragas. As diferentes situações regionais destacam a complexidade de manter uma produção estável em um cenário de mudanças climáticas globais.
Costa do Marfim: Condições Variadas e Otimismo
Na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, os agricultores enfrentam uma realidade climática mista. Em áreas centrais, como Tiebissou, produtores como Kouassi Kan relatam que estão conseguindo colher e secar os grãos colhidos, mas aguardam ansiosamente por chuvas para melhorar a umidade do solo e promover o florescimento das árvores. Por outro lado, no sul do país, o curto período chuvoso está favorecendo as plantações. Segundo Souleymane Ouedraog, da região de Petit Danane, as árvores estão em boas condições, indicando uma colheita normal.
Além disso, há expectativas de que o governo marfinense possa aumentar o preço do cacau em pelo menos 23% para a próxima safra, o que beneficiaria diretamente os agricultores locais.
Gana: Necessidade de Chuvas Mais Consistentes
No segundo maior produtor mundial de cacau, Gana, as chuvas esparsas têm preocupado os agricultores. Ebenezer Agyarko, produtor em Kwarbeng, ao norte da capital Acra, relata que a safra principal, que começou recentemente, ainda precisa de mais chuvas fortes para garantir um bom desenvolvimento das vagens. “Só experimentamos garoas ocasionais com longos períodos de sol”, comenta. As chuvas são cruciais para que a safra intermediária, prevista para março do próximo ano, alcance o nível de produção desejado.
Camarões: Controle de Pragas em Meio às Chuvas Constantes
Em Camarões, as chuvas regulares têm levado os agricultores a adotar medidas preventivas contra pragas, como pulverização frequente das árvores. Um produtor de Ngoro, ao norte da capital Yaoundé, relata que os químicos aplicados para proteger as plantações acabam sendo lavados pelas chuvas, exigindo reaplicações constantes. Apesar dos desafios, os agricultores estão otimistas. As vagens para a safra principal começaram a ser colhidas, e, até o momento, não houve registro de problemas graves com doenças como a vagem preta, o que aumenta a expectativa de uma colheita melhor nesta temporada.
Nigéria: Chuvas Inconstantes e Expectativa de Colheita Menor
Na Nigéria, as condições climáticas são igualmente desafiadoras. Neji Abang, agricultor da aldeia de Bendeghe-Afi, no sudeste do país, explica que, apesar das chuvas esporádicas ajudarem no desenvolvimento das vagens, a expectativa é de que a colheita deste ano seja menor em comparação ao ano passado, devido ao clima desfavorável. No sudoeste do país, a colheita precoce já começou, enquanto outros agricultores se preparam para pulverizar suas árvores entre as chuvas para combater pragas e prevenir doenças, em antecipação a chuvas mais fortes previstas para o final do ano.
O Desafio de Produzir Cacau em Tempos de Mudança Climática
Os relatos dos agricultores de toda a África Ocidental refletem os desafios enfrentados pela produção de cacau em meio a um clima cada vez mais imprevisível. Desde a necessidade de mais chuvas para aumentar o rendimento em Gana até o controle constante de pragas em Camarões, as condições variáveis impõem a necessidade de adaptação constante. Ainda assim, o otimismo prevalece entre os agricultores, que continuam a buscar maneiras de garantir colheitas produtivas, mesmo diante de adversidades climáticas.
Fonte: mercadodocacau com informações bloomberg