Por: Claudemir Zafalon
O mercado do cacau segue consolidado ao redor dos US$ 8 mil por tonelada. Na última sexta-feira, o contrato de maio oscilou entre US$ 7.880 e US$ 8.104, fechando a US$ 8.042 por tonelada, com um leve avanço de US$ 63. O volume de negócios foi de 5.187 contratos, enquanto o total movimentado chegou a 12.634 contratos. O interesse em aberto subiu para 109.069 contratos, um acréscimo de 3.361.
Os estoques certificados nos portos dos Estados Unidos, monitorados pela ICE, também registraram crescimento. Com um aumento de 6.803 sacas, o estoque atual é de 1.806.361 sacas.
Moeda e influência no mercado
O contrato futuro do Real frente ao Dólar, negociado na CME para vencimento em abril de 2025, está sendo negociado a US$ 5,80 nesta manhã, mantendo-se próximo ao fechamento de sexta-feira, quando ficou em US$ 5,788. Essa cotação influencia diretamente os custos da commodity e as margens dos exportadores de cacau no Brasil.
A crise no cacau e o futuro do chocolate
Os desafios climáticos e as doenças que afetam as plantações na Costa do Marfim e em Gana continuam impactando o fornecimento global. Juntos, esses países são responsáveis por 60% da produção mundial de cacau. Como consequência, os preços futuros quadruplicaram em 2024, uma tendência preocupante para a indústria de confeitaria, que movimenta US$ 130 bilhões anualmente.
Apesar da alta volatilidade, a Organização Internacional do Cacau projeta um excedente de 142 mil toneladas nesta temporada, o que pode trazer um breve alívio ao mercado. No entanto, analistas da Jefferies acreditam que o déficit de produção persistirá até 2028, mantendo a incerteza.
Alternativas ao cacau: o chocolate do futuro?
Diante da oscilação dos preços, grandes fabricantes como Hershey e Lindt & Sprüngli têm adotado diferentes estratégias para se proteger. A Hershey, por exemplo, já vem aumentando os preços de seus produtos, mas alerta que essa não será uma tarefa fácil para manter a competitividade, uma vez que 80% de seu portfólio é composto por itens abaixo de US$ 4. Suas margens brutas podem encolher em até 10 pontos percentuais nos próximos três anos.
Como solução, algumas empresas estão investindo na substituição do cacau. Ingredientes como óleo de palma e manteiga de karité já estão sendo utilizados para reduzir a dependência do cacau tradicional. Além disso, pesquisas avançam no desenvolvimento de cacau cultivado em laboratório. A Lindt apoia uma startup que busca essa inovação, enquanto a Mondelez International também realiza investimentos no setor. Startups como Voyage Foods e Planet A Foods levantaram milhões de dólares para explorar a “fermentação de precisão”, uma técnica que recria o sabor do chocolate a partir de aveia e sementes de girassol.
Embora a carne cultivada em laboratório e os hambúrgueres vegetais tenham encontrado dificuldades para conquistar o mercado, o cenário para o chocolate artificial pode ser diferente. A necessidade econômica e a alta dos preços impulsionam a adoção dessas alternativas, tornando o cacau um produto cada vez mais pressionado pela inovação.
Fonte: mercadodocacau
3 Comments
O cacau é alimento dos deuses. E lentamente está voltando ao estado natural. É insubstituível.
O que se vai criar “sintéticamente” jamais será chocolate.
E, a propósito, essas ameaças também não vão melhorar o cenário a curto e médio prazo.
Isso mêsmo Xerxes, quanto mais tentam explorar e assustar os produtores mais o tiro sairá pela culatra.
Jqualquer