O setor de cacau em Gana, o segundo maior produtor mundial do grão, enfrenta um desafio crescente com a doença do rebento inchado, que continua a se espalhar de forma alarmante. Este surto, causado por cochonilhas que destroem folhas e flores das árvores, não só ameaça a produção imediata, mas representa um risco a longo prazo para a sustentabilidade da indústria do cacau no país.
A infecção pelo broto inchado começa de forma sutil, permitindo que as árvores continuem a produzir, mas em níveis reduzidos. No entanto, após um período de cinco a dez anos, as árvores sucumbem completamente à doença. Como resultado, Gana viu sua safra de cacau despencar por três temporadas consecutivas, atingindo o ponto mais baixo em 20 anos.
Mesmo com previsões de uma ligeira recuperação na próxima temporada, graças a condições climáticas mais favoráveis, o cenário de longo prazo permanece sombrio. De acordo com uma pesquisa recente, a produção na temporada 2024/25 deve alcançar 640.000 toneladas, um aumento em relação às 450.000 toneladas da temporada anterior. Contudo, este número ainda está longe do recorde de mais de um milhão de toneladas registrado na temporada 2020/21.
Steve Wateridge, especialista global em cacau e chefe de pesquisa da Tropical Research Services by Expana, alerta que a situação está se agravando. “O broto inchado está piorando em Gana, não está indo embora”, afirmou. Outros especialistas concordam que, mesmo que Gana consiga melhorar sua produção no curto prazo, essa recuperação não será duradoura se a doença não for combatida de forma eficaz.
O avanço da doença está intimamente ligado à crise econômica que aflige o país, limitando a capacidade de resposta das autoridades. Em 2023, uma pesquisa nacional revelou que 31% das terras cultivadas com cacau estavam infectadas, um aumento significativo em relação aos 17% registrados em 2017. Na região Norte Ocidental, uma das principais áreas produtoras, a taxa de infecção disparou de 42% em 2020 para alarmantes 81% em 2024.
Moses Atta, da Commodity Monitor Ltd, expressou preocupação com esses números, enfatizando que o aumento na taxa de infecção na região Norte Ocidental é um indicativo de que a doença pode estar se espalhando por todo o país. Ainda que algumas regiões estejam menos afetadas, o perigo de uma disseminação generalizada permanece.
A Cocobod, órgão regulador da indústria do cacau em Gana, afirma que tem feito progressos no combate à doença. Desde 2017, 67.000 hectares foram tratados, mas ainda restam 590.000 hectares a serem tratados, de um total de 1,9 milhão de hectares de terras cultivadas. Entretanto, os efeitos dessas intervenções ainda não se refletem nos dados, e a batalha contra o broto inchado está longe de ser vencida.
Nos anos 1960 e 1970, essa mesma doença reduziu a produção de cacau de Gana em 50%, quando o país ainda era o maior produtor mundial. Hoje, o rebento inchado novamente coloca em risco a posição de Gana no mercado global de cacau, exigindo medidas urgentes e eficazes para proteger a indústria e os milhares de agricultores que dela dependem.
Fonte: mercadodocacau
*com informações reuters
1 Comment
PARECE Q NAO TEM VOLTA, SÃO 600.000 HA PERDIDOS. NEM A CHUVA MILAGREIRA SALVA..
POR AQUI PERDEMOS MUITO MAS MUITO MESMO PELALODRIDAO E VASSOURA MAS NEM SE FALA “POR-QUE ?: