Ivanildo Firmino, integrante da Associação de Desenvolvimento Rural e Agropecuário de Prevenido, é um dos beneficiados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com ações do eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil sem Miséria. “A apicultura provocou uma mudança muito grande em nossas vidas. No ano passado, produzimos três toneladas de mel e nossa expectativa é de que até o final de maio, com as novas colmeias em produção, já tenhamos produzido de 15 a 20 toneladas”, comemora o produtor, que vive com a família no distrito de Prevenido, em América Dourada, semiárido baiano.
“Começamos com apenas 200 colmeias coletivas para 32 sócios. Era uma coisa pequena, mas nós vimos que dava para ser uma nova fonte de renda. E o apoio da Codevasf, com a implantação de 32 kits completos de apicultura, um para cada produtor, com 320 colmeias ao todo, causou uma empolgação muito grande”, relata Firmino.
Desde 2012, a Codevasf está investindo cerca de R$ 4,3 milhões para apoiar ações relacionadas à apicultura no Médio São Francisco baiano, na área de atuação da sua 2ª Superintendência Regional, sediada em Bom Jesus da Lapa. Os recursos fazem parte do eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria e são oriundos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI).
Foram entregues mil kits de apicultura, um por família, para associações de agricultores familiares de 19 municípios – um investimento de R$ 3,14 milhões. Já na aquisição de equipamentos para beneficiamento de mel e cera, cujos processos de entrega estão em tramitação, o investimento é de R$ 1,1 milhão.
“Atividade é transformadora”
“A cadeia produtiva da apicultura no Território Velho Chico e no Território de Irecê, no Vale do São Francisco, é uma das mais organizadas e merece apoio dos órgãos e instituições públicos. A implantação de kits para os agricultores deu alento para as famílias, impulsionando uma atividade que já estava em franco crescimento e é grande geradora de emprego e renda, muito importante para a fixação do homem no campo nessas regiões de baixo regime de chuvas. É uma atividade transformadora, porque exige baixo investimento, baixo custo de manutenção e, mesmo assim, consegue obter um bom retorno”, diz Renato Bastos Lessa, técnico da 2ª Superintendência Regional da Codevasf.
“Sem o incentivo da Codevasf não seria possível ter uma produção tão grande. Mais importante do que isso é que os kits empolgaram os associados. Como a nossa associação é pioneira na região de Irecê, os resultados já estão incentivando outras associações de agricultores familiares a adotem a apicultura como importante complemento para a renda. Tem associado que ficou tão contente que investiu todo o dinheiro ganho com a primeira produção na compra de mais colmeias”, conta o produtor Ivanildo Firmino.
Cada kit familiar é composto de dez colmeias completas, padrão Langstroth, dez suportes metálicos, dez quilos de cera de abelha alveolada, um fumigador apícola, uma carretilha manual, um garfo desoperculador e um formão para apicultor, além de dois equipamentos de proteção individual (EPIs), formados por dois macacões para apicultor, dois pares de botas em PVC e dois pares de luvas de couro tipo vaqueta.
Extração de mel
Dos mil kits implantados pela Codevasf no Médio São Francisco baiano, 150 foram destinados à Cooperativa Regional de Apicultores do Médio São Francisco (Coopamesf), no município de Ibotirama, que tem papel importante na cadeia da apicultura na região.
“O mel produzido com os kits é levado para unidades de extração de mel, de onde, por sua vez, é mandado para o entreposto da Coopamesf, que tem o selo do SIF (Serviço de Inspeção Federal) e, por isso, pode ser comercializado em todo o Brasil, gerando grande retorno para os apicultores da região”, explica Renato Lessa.
No município de Morpará, 100 kits foram entregues para produtores da Associação de Bandarra. Já no município de Central foram 79 kits – 66 para a Associação dos Apicultores e Meliponicultores e 13 para a Associação de Produtores Rurais de Novo Esplendor. Outros 57 kits foram destinados a duas associações no município de Riacho de Santana: Associação Riachense de Apicultores e Associação de Santo Antônio.
O município de Lapão foi beneficiado com 54 kits de apicultura, os quais foram destinados a agricultores familiares vinculados à Associação de Lagoa dos Patos, ao Centro Ambiental Aguada Nova, Associação Comunitária dos Pequenos Agricultores de Rodagem, Associação Beneficente de Belo Campo, Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Lajedinho, Associação dos Quilombolas de Nova Esperança e à Associação dos Quilombolas de Lajedo de Eurípedes.
Outros 40 kits beneficiaram entidades no município de Irecê: Associação Familiar Agropecuária Mocozeiro II, Associação dos Pequenos Agricultores de Mocozeiro e Associação Comunitária de Angical. Já para o município de São Gabriel foram 28 kits para impulsionar a atividade entre agricultores familiares filiados à Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais da Eureca e Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Itapicuru.
Os 478 kits restantes foram destinados para outras 11 associações nos municípios de Bom Jesus da Lapa, Serra do Ramalho, Brotas de Macaúbas, Paratinga, Ibititá, Boquira, Uibaí, Igaporã, São Félix do Coribe, Carinhanha e Malhada.
“Alguns dos beneficiados jamais trabalharam com apicultura. Por isso temos uma equipe de apoio, formada por engenheiro agrônomo e técnicos em agropecuária que prestam um trabalho de capacitação e acompanhamento técnico dessas famílias – serve tanto para aqueles inexperientes quanto para aqueles que já trabalham no ramo e querem aumentar a produção e a renda, pois funciona como uma atualização para que possam produzir de forma mais eficiente e, assim, obter um retorno maior com a atividade”, frisa o técnico da Codevasf Renato Lessa. Fonte: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba