Os produtores de pinha da caatinga baiana mantêm a Bahia como maior produtor de pinha do Brasil. A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), confirma esta liderança após inquéritos fitossanitários de fiscalização contínuos de propriedades realizados nos municípios de Presidente Dutra, Lapão, Central, Uibaí, Anagé e Dom Basílio. A região produtora possui 4.200 hectares plantados, gerando cerca de 40 mil toneladas de pinha por hectare/ano.
O município de Presidente Dutra, conhecido como “capital da pinha”, permanece como maior produtor da fruta, com 3.485 hectares cultivados em áreas de sequeiro e irrigada. Diante das condições climáticas da região, são permitidas duas safras ao ano e a produção é realizada de maneira escalonada, possibilitando a colheita dos frutos durante todo o ano. A pinha é a principal fonte de renda do município, tendo como foco de escoação os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo a CEAGESP, maior Centro de Abastecimento do País, o volume de entrada da pinha cresceu o equivalente a 9% em relação ao ano de 2012, totalizando o comércio de aproximadamente 3 mil toneladas. Isso mostra as alterações ocorridas, tanto na oferta da fruta, antes considerada exótica, como na demanda, até pela mudança de hábitos de consumo.
A Bahia também garante ao Brasil o posto de segundo maior produtor do mundo de pinha, ficando apenas atrás do México. A coordenadora do Programa Fitossanitário das Anonáceas da ADAB, Keyla Soares, esclarece que a pinheira é uma das árvores frutíferas que se tornaram lucrativas para os produtores, uma vez que está bem adaptada no Território Identidade de Irecê. “Acredito cada vez mais no potencial da Bahia diante das condições climáticas e qualidade do solo propício para o cultivo desta fruta. Diante disso vamos buscar o desenvolvimento da produção, sempre atrelada à atividade fitossanitária na região, principalmente de cadastramento de propriedades junto aos agricultores familiares, médios produtores e, ocasionalmente, grandes produtores”, prospecta Keyla.
“Com a melhora do padrão de qualidade, a Bahia apresenta perspectivas de expansão e de conquista de novos mercados, através de mais informações técnicas, obtenção de crédito, além do escoamento e comercialização. Tudo isso acaba afetando a lucratividade do negócio, especialmente quando muitas áreas produtoras estão localizadas no Semiárido, região que possui uma agricultura ainda pouco desenvolvida”, esclarece o diretor-geral da ADAB, Oziel Oliveira.
Ações fitossanitárias
Desde 2009, a ADAB vem executando ações de defesa e fiscalização em propriedades, por meio de aplicação de inquéritos fitossanitários, laudos de inspeções e cadastramentos das áreas com objetivo de orientar o produtor nas táticas de manejo, fomentando a organização de toda a cadeia produtiva pela importância que representam nas regiões produtoras. No entanto, alguns problemas fitossanitários ameaçam o cultivo das anonáceas, o inseto-praga de maior impacto econômico na produção, que ataca a família das anonáceas é a broca-dos-frutos (Cerconota anonella). Os danos de C. anonella são causados pelas larvas que se desenvolvem no interior dos frutos tornando-os impróprios para o consumo in natura ou para o processamento industrial.
Para o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá, manter a vigilância permanente e contínua é a melhor forma de atuação, lembrando que outras atividades como a fiscalização do trânsito de vegetais e o desenvolvimento de políticas públicas são de extrema importância e eficácia para uma produção segura e de qualidade. “Como desafio para 2015, as agências de defesa dos Estados produtores de anonáceas do Brasil, dentre eles, a Bahia, se manifestaram junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para a definição de registro de agroquímicos alternativos ou extensão de uso para o controle das pragas nas anonáceas”, acrescenta Sá.
No período de 2010 a 2013, a Bahia ganhou destaque tornando-se referência no sistema organizacional dessa cultura, a exemplo da iniciação científica, manutenção e novos cadastramentos de propriedades, fiscalização de propriedades abandonadas, participação em Câmaras Nacionais de Fruticultura, ANVISA e IBAMA para questões relacionadas a regularização do uso de produtos químicos, dentre outros.