Levantamento da Cacau Show revela que 29,1% do que foi comercializado pela marca na região em 2016 está concentrado na Bahia
Há quem devore, pelo menos, uma barra de chocolate por dia ou se entregue de corpo e alma a um bombom inofensivo. E sim, ele é mesmo irresistível, ainda mais entre os baianos. Um levantamento feito pela Cacau Show com exclusividade para o CORREIO prova que o estado é o maior consumidor de chocolate da região do Nordeste. Em 2016, 29,1% do volume comercializado pela marca na região esteve concentrado na Bahia. Ao todo, foram distribuídas 620 toneladas de chocolate.
Por mês, chegam a ser vendidas cerca de 37 milhões de trufas só na Bahia. Os sabores preferidos dos chocólatras baianos são a de maracujá e tradicional. “O estado está sempre no nosso radar, justamente por conta deste alto consumo e é o nosso maior mercado no Nordeste. As pessoas gostam muito de chocolate e a gente consegue juntar qualidade com custo baixo”, avalia o presidente da Cacau Show, Alexandre Costa.
A paixão espantou a crise do setor, que viu as vendas aumentarem em 16% no acumulado do ano. “As vendas estão bem aquecidas por incrível que pareça. O nosso ticket médio está em R$ 18. É só ter o preço certo que as coisas vendem”, acrescenta Costa.
Indispensável
A servidora pública Milena Miranda é uma das que cultiva muito amor pelo chocolate. E ela investe forte nesta relação. Por mês, chega a gastar em média R$ 200 entre as opções na linha dos mais finos e daqueles que estão nas prateleiras dos supermercados mesmo. “Não pode faltar. A gente tenta resistir e fazer dieta, mas é díficil demais. Todo final de semana estou em uma confeitaria e além disso não abro mão da sobremesa, que pode ser o brigadeiro que compro no trabalho, ou algum chocolate de outro tipo”, conta Milena. “Eu amo. Prefiro economizar nas calorias do almoço pra poder comer chocolate”, completa.
O professor de Zumba e instrutor de dança Allan Bapuru também é mais um que integrante do time dos consumidores assíduos da iguaria. Por dia, são seis bombons. “Meu consumo é de acordo com a minha quantidades de aulas que, em média, são sete por dia. Normalmente, como um bobom de 30g por aula, ou seja, dá mais de 200g de chocolate no total”, calcula. A sorte do professor é que ele está sempre recebendo chocolate de presente. “Ganho muito, mais se eu passar na frente de uma loja de chocolate eu paro e compro uns bombons. É o meu enérgetico”.
Para o empresário Wilton Santos não tem uma explicação muito lógica que defina porque o chocolate é quase tão importante quanto o feijão com arroz. “Se passo por um lugar que vende, é muito difícil não me sentir atraído e a vontade de comer surge. Gasto fácil R$ 40 por mês só com chocolate. É algo que eu realmente acho gostoso”, afirma.
Cacau baiano
Tanta devoção agrada o setor. Apenas Salvador concentra 33% da distribuição de lojas da Cacau Show no estado e até o final do ano a empresa terá 100 unidades em operação na Bahia. É da região Sul do estado que vem 97% da matéria prima-prima para a fabricação de chocolates da empresa, que negocia adquirir uma propriedade rural para cultivo e processamento. “O nosso interesse é genuíno em estar cada vez mais perto do produtor. Por outro lado, nós temos volume para vender estes produtos”, ressalta o presidente da marca, Alexandre Dantas.
A nova propriedade se somaria a outras três fazendas que a Cacau Show possui no Espírito Santo, com meta de produzir três mil quilos de cacau por hectare. “Enxergamos na região um mercado muito bom para desenvolvermos o cacau, tanto para o fazendeiro quando para a indústria. No futuro, faz todo sentido também implantarmos uma fábrica de chocolates no Nordeste”, acrescenta.
O faturamento da marca em 2015 foi equivalente a R$ 2,6 bilhões e, para 2016, a expectativa é que chegue a R$ 2,8 bilhões. Atualmente, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o Brasil é o quarto maior mercado consumidor de chocolates do mundo e o terceiro maior produtor. Cada brasileiro consome 2,5 kg de chocolate per capita por ano. A Abicab apurou, ainda, que 35% dos brasileiros afirmam não trocar chocolate por nada, o que mantêm o otimismo do setor.
Estado tem a maior produção de cacau
Já foi o tempo em que todo o chocolate produzido na Bahia era oriundo dos municípios do Sul do estado, como Ilhéus. Segundo o engenheiro agrônomo Durval Libânio, já existem muitas plantações de cacau irrigado em regiões que não são tradicionais, como o Oeste da Bahia e o extremo sul do Semiárido.
“Temos 560 mil hectares de cacau e somos o primeiro estado em produção nacional do fruto. E não tem como o Pará passar a Bahia como dizem por aí. Eles tem cerca de 110 mil hectares plantados”, afirma Libânio, que também é presidente do Instituto Cabruca, ONG que defende o sistema de cultivo conservacionista da planta.
Além de terem investido na recuperação das fazendas no Sul do estado, os fazendeiros também têm agregado valor ao produto, ao realizar o processamento da amêndoa para a elaboração do produto final: o chocolate. Na avaliação dele, faltam incentivos para esse tipo de cultura. “O cacau está fora de todas as políticas públicas do agronegócio”, completa.
Apesar disso e da seca, as expectativas para a próxima safra são positivas, segundo o produtor Thomas Hartmann. “No momento, as colheitas de cacau estão em ritmo acelerado e a safra principal vai muito bem, o que indica que os volumes serão bons este ano”, aponta. Fonte: Correio