A Barry Callebaut, maior fabricante de chocolates do mundo, viu suas ações despencarem quase 20% nesta quinta-feira (10), após revisar para baixo sua projeção de volume de vendas anual. A empresa suíça, fornecedora de gigantes como a Nestlé, atribuiu a decisão a uma “volatilidade sem precedentes” nos preços do cacau, matéria-prima essencial para sua produção.

A companhia agora espera uma queda percentual de um dígito médio no volume de vendas de cacau até o final do atual ano fiscal, que se encerra em 31 de agosto. A previsão anterior era de uma queda menor, de um dígito baixo. A revisão veio após a divulgação de que o volume de vendas caiu 4,7% no primeiro semestre do ano, totalizando 1,08 milhão de toneladas — abaixo das 1,11 milhão previstas por analistas.

“A dor de curto prazo do aumento e volatilidade sem precedentes do preço do cacau é pior do que prevíamos para a empresa”, afirmou Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux, à Reuters.

A situação reflete os impactos diretos da alta histórica nos preços do cacau, que chegou a ser negociado a 9.290 libras por tonelada em janeiro. Atualmente, os contratos futuros caíram para cerca de 6.096 libras (aproximadamente US$ 7.839), o que ainda representa um nível elevado. A crise foi agravada por anos de planejamento agrícola insuficiente e pelas mudanças climáticas, que afetaram duramente os países da África Ocidental — responsáveis por cerca de 70% da produção mundial de cacau.

Apesar do cenário adverso, a Barry Callebaut reiterou sua previsão de aumento de dois dígitos no lucro operacional recorrente (EBIT) em moeda constante para o ano. No entanto, os resultados do primeiro semestre mostraram uma queda de 2,9% no EBIT, somando 329,6 milhões de francos suíços (US$ 386 milhões).

A companhia também afirmou que os benefícios de seu plano de transformação, intitulado “BC Next Level”, sofrerão um atraso de 12 meses para impactar os lucros, mas confirmou a meta de gerar economia anual de 250 milhões de francos suíços com a iniciativa.

Apesar dos desafios, analistas apontam que a recente queda nos preços do cacau pode, no médio prazo, estimular a demanda por chocolate e aliviar parte da pressão financeira sobre a empresa.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters