BRASIL CACAU APOSTA EM ESTRATÉGIA SAZONAL E ACELERA EXPANSÃO DE FRANQUIAS

Rede “irmã” da Kopenhagen, do Grupo CRM, cresceu 20% em vendas no Natal e tem reforçado canais alternativos, como venda direta, que chega a corresponder a 30% do faturamento das lojas

Já faz alguns anos que o Natal passou a ser a data mais importante para as vendas na Brasil Cacau, rede de franquias de chocolates do Grupo CRM, também dono da Kopenhagen. Neste ano, para aproveitar ainda mais o período, a empresa resolveu permitir que franqueados abrissem lojas pop-up extras em pontos próximos à franquia, como shopping centers e supermercados., conforme PEGN noticiou em primeira mão em outubro. A novidade é que dos 80 pontos extras de Brasil Cacau, cerca de 25 já fecharam contrato para se tornarem franquias fixas, que serão inauguradas após a Páscoa.

Ao todo, o grupo, comprado pela Nestlé em setembro, abriu mais de 200 pontos extras, considerando as duas marcas. Na Brasil Cacau, a adesão para tornar o ponto em loja física foi “mais que o dobro”. Isso fez com que a rede revisasse o plano de expansão para o ano que vem: enquanto 40 lojas foram abertas em 2023, com taxa de fechamento de cerca de 1%, entre 80 e 100 devem ser inauguradas em 2024. A meta do grupo permanece a mesma: abrir duas mil lojas até 2026.

Hoje, a Brasil Cacau tem cerca de 430 franquias em funcionamento. O investimento inicial para se tornar um franqueado da marca é a partir de R$ 120 mil para quiosques e R$ 220 mil para lojas.

O Grupo CRM, que detém as duas redes e a cafeteria Kop Koffee, projeta um faturamento total de R$ 1,7 bilhão para 2023. Isso representa um crescimento de 16%, em geral. Brasil Cacau, isoladamente, cresce 10%.

Renata Moraes Vichi, CEO do Grupo CRM, credita a expansão da marca aos bons resultados. Durante a temporada de Natal, as vendas da Brasil Cacau têm crescido em torno de 20%, com picos em “dias de pagamento”. Foi o que aconteceu em 30 de novembro, quando caiu a primeira parcela do 13º salário para quem é contratado em regime CLT. Os bons números aumentam a expectativa para o dia 20 de dezembro, quando funcionários recebem a segunda parte do benefício.

As lojas pop-up foram abertas em outubro e têm contrato até a Páscoa. De acordo com Vichi, os resultados atraíram mais franqueados. “Se tornou uma estratégia para aumento de same store sales (venda nas mesmas lojas), capilaridade e atendimento a aumento de demanda.” De acordo com ela, o número de lojas temporárias da Brasil Cacau deve somar 150, no total, até março.

“A Páscoa não influencia tanto o movimento em shoppings, talvez em supermercados. Já o Natal é uma época que naturalmente atrai mais fluxo para os centros comerciais, porque as pessoas vão em busca de presentes, como vestuário e beleza. Temos nos tornado cada vez mais relevantes na agenda do consumidor. Assim, nos beneficiamos do alto fluxo”, diz Vichi.

Segundo ela, a marca conseguiu crescer 25% na Black Friday, data que não foi tão forte nos outros anos. De acordo com Roberto Kanter, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), itens de uso pessoal e presenteáveis foram justamente os produtos que conseguiram navegar na maré contrária da má sorte da data neste ano, que registrou queda de 14,4% nas vendas, segundo dados da Neotrust.

Estratégia pode ajudar a impulsionar redes

O movimento de testar mercados com lojas pop-up pode ser uma estratégia eficaz para validação de pontos e de demanda, além de trazer ganho de visibilidade para a marca e valorização do franqueado que tem um bom desempenho na rede, na visão do especialista Adir Ribeiro, CEO da Praxis Business. “Um terço, como a da Brasil Cacau, é uma excelente taxa de conversão. E mesmo nas outras [lojas temporárias] o franqueado se beneficiou dos resultados”, analisa.

Ele afirma que utilizar esse método de expansão com franqueados que já estão na rede ajuda a ter resultados melhores tanto para os empreendedores quanto para a marca, pois quem está na operação temporária já conhece o modelo de negócio. “A conversão em franquia fixa pode ser feita por decisão do franqueado, mas com critérios que a franqueadora pode estabelecer, como a capacidade de operação e métricas do programa de excelência”, diz.

Para Juarez Leão, CEO da Leão Group e membro do Conselho da Associação Brasileira de Franchising (ABF), a estratégia oferece uma segurança maior para a expansão. “Algumas marcas têm colocado corners dentro de outros estabelecimentos de forma temporária, um store in store, com a mesma intenção: entender o mercado e eventualmente entrar com a loja definitiva”, diz.

O especialista alerta, no entanto, que mesmo se tratando de uma loja temporária, há custos envolvidos. Por isso, é necessário que o franqueador e o franqueado estudem o mercado e entendam a viabilidade. “Existem locais com fluxo muito sazonal, onde vai ter gente em determinados períodos do ano. Então já se abre a pop-up sabendo que vai ser temporária. Por outro lado, há locais em que temos dúvida se vai funcionar ou não, e pode ser uma oportunidade para testar”, diz.
Venda direta e licenciamento

Para se posicionar ainda mais na prateleira de presenteáveis, a Brasil Cacau passou a apostar em uma estratégia já adotada por outras redes de alimentação, como McDonald’s, Mundo Animal, Bob’s e Cacau Show: colaborações que ajudem a atrair os olhos do público infantil para as lojas.

Uma coleção inspirada em personagens da Patrulha Canina, por exemplo, ajudou as vendas a crescerem 200%. Também foi feita uma parceria com a Toddy para trufas, e agora com a Negresco. A Turma da Mônica também deve dar as caras nas lojas a partir de janeiro de 2024, período em que o volta às aulas domina os centros de compras.

A Brasil Cacau também foi a marca que abriu as portas da venda direta para o Grupo CRM. A frente já chega a representar até 30% das vendas em parte das 300 lojas em que funciona. Ao todo, a rede conta com cerca de 1,5 mil revendedores, e o plano é expandir essa frente em 2024.

O Brasil ocupa a sétima posição mundial no mercado de vendas diretas com cerca de 3,5 milhões de empreendedores, segundo dados da Federação Mundial das Associações de Vendas Diretas, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta (Abevd). O faturamento do canal é estimado em US$ 7,6 milhões no país. A categoria de alimentos e bebidas corresponde a 7,1% do total.

Nestlé: à espera do Cade

Desde o fechamento do negócio, nenhum outro passo foi dado e nenhuma troca foi feita entre as empresas. Segundo Vichi, isso deve continuar assim até a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deve acontecer no primeiro trimestre de 2024.

Nesta semana, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou quatro indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o órgão, que não tinha o quórum necessário para votações desde outubro. Dessa forma, os processos que aguardam apreciação, como o da Nestlé e CRM, devem voltar a ser analisados.

Fonte:Pequenas empresas & Grandes negócios

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