Os produtores de cacau no Brasil preparam uma volta por cima dramática.
Décadas depois de o país perder seu status de grande produtor mundial por causa da praga da “vassoura de bruxa”, que dizimou plantações na Bahia, o setor tem recebido dinheiro novo e os produtores se expandido para novas áreas de cultivo.
“O Brazil tem uma enorme oportunidade de retomar o papel de protagonista na cadeia global”, disse Valmir Ortega, fundador da Belterra Agroflorestas, que planta cacaueiros e outras árvores frutíferas em áreas degradadas. O projeto conta com o apoio de gigantes como Cargill e o fundo de fomento criado pela Vale
O Brasil pretende dobrar a produção de cacau até 2030. Essa é uma das metas da comissão do cacau do país, a Ceplac. Já em 2025, o Brasil deve produzir o suficiente para atender à demanda interna, segundo a diretora do órgão, Lucimara Chiari. Isso reduziria a necessidade de importar, ajudando a aliviar a grave escassez global do ingrediente do chocolate.
“De todos os países produtores de cacau, o Brasil tem o maior potencial de crescimento”, disse Chiari.
O projeto deve trazer alívio para o mercado global de cacau, que enfrenta uma queda de estoques causada por mau tempo e doenças nos principais países produtores, Costa do Marfim e Gana. Os reveses na África puxaram um salto de quase 70% nos futuros de cacau este ano.
A iniciativa CocoaAction Brasil mapeou pelo menos 24 projetos em andamento no país, com um investimento total de mais de R$ 150 milhões.
O boom do cacau no país já é mais do que apenas uma promessa. Produtores de diferentes regiões plantam novas árvores, que darão frutos nos próximos dois a três anos.
Um desses agricultores é Moises Schmidt, que recentemente plantou cacau em Barreiras, um município no interior da Bahia que fica a cerca de 1.000 quilômetros das áreas tradicionais de cultivo.
Agora ele está expandindo as plantações em parceria com a Cargill. É uma mudança marcante para a empresa familiar Schmidt Agrícola, que há mais de quarenta anos se especializou no cultivo de algodão, soja e milho.
“A cacauicultura ficou presa no passado”, disse Schmidt. Diferentemente dos métodos tradicionais, sua empresa utiliza maquinário moderno e investiu em mudas que resistem ao clima mais seco de sua região. “Esse é o futuro.”