Por: Claudemir Zafalon
Na reta final antes da divulgação do aguardado relatório de moagens do terceiro trimestre, o mercado de cacau segue sob forte pressão. Os contratos futuros renovaram as mínimas de um ano, encerrando a semana no fundo das faixas diárias de negociação. A cautela se faz presente e poucos se atrevem a apostar que a liquidação chegou ao fim, mesmo diante de sinais técnicos clássicos de sobrevenda, como os índices de força relativa (RSIs) em um dígito e a contínua aproximação das bandas inferiores de Bollinger.
Na sexta-feira (10), o contrato de dezembro oscilou entre a mínima de US$ 5.811 e a máxima de US$ 6.013 por tonelada, encerrando o dia a US$ 5.848/t, com recuo de US$ 97. O volume negociado foi de 9.389 contratos, com um total diário de 21.101 contratos, e o interesse em aberto manteve-se estável em 122.132 contratos, indicando que o movimento vendedor ainda encontra sustentação.
Nos fundamentos, os estoques certificados nos portos dos Estados Unidos — monitorados pela ICE — apresentaram nova redução de 16.023 sacas, totalizando 1.894.850 sacas, o menor nível em meses. Ainda assim, o mercado tem reagido mais fortemente a fatores técnicos e à perspectiva de que o relatório de moagem possa confirmar uma desaceleração na demanda global por derivados de cacau.
No câmbio, o contrato futuro de real x dólar (vencimento novembro) enfraqueceu, sendo cotado a R$ 5,50, o que adiciona pressão sobre os custos locais para importadores e indústrias processadoras brasileiras.
O mercado entra, portanto, em uma semana decisiva: o relatório de moagens do terceiro trimestre, previsto para os próximos dias, poderá definir se o atual movimento de liquidação encontrará um piso técnico ou se novas mínimas ainda estão por vir.