Por: Claudemir Zafalon
A última sexta-feira foi marcada por intensa volatilidade no mercado de cacau, com o contrato de maio oscilando 703 dólares dentro do intervalo de US$ 9.650 – US$ 10.353, fechando a sessão a US$ 10.113 por tonelada. O aumento da oscilação também impulsionou o volume de negócios, que totalizou 19.039 contratos no dia, elevando o volume total para 49.136 contratos. No entanto, o interesse em aberto registrou uma queda, situando-se agora em 125.954 contratos.
Paralelamente, os estoques de cacau monitorados pelo ICE nos portos dos Estados Unidos atingiram 1.396.691 sacas, conforme os últimos dados divulgados pela bolsa. Esse nível de estoque representa um indicativo importante para os agentes do setor, especialmente em um cenário de incertezas sobre oferta e demanda.
Pressões e Perspectivas do Mercado
A sexta-feira também trouxe projeções preocupantes para o mercado do cacau. Tanto a revista Forbes quanto a instituição financeira JP Morgan Chase & Co. divulgaram análises que apontam para uma possível queda nos preços da commodity. A Forbes prevê um mercado mais equilibrado ao longo de 2025, com uma possível redução de até um terço das altas registradas no ano anterior.
Já o JP Morgan alertou que os elevados preços do chocolate devem impactar negativamente a demanda global este ano, reduzindo o déficit de oferta para a safra 2024-25. A estimativa do banco passou de 108.000 toneladas para 40.000 toneladas, considerando uma retração de 1,8% na moagem mundial devido aos preços historicamente elevados.
Além disso, os fabricantes de chocolate já começaram a buscar alternativas para mitigar os custos elevados da matéria-prima. Michele Buck, CEO da Hershey, revelou que a indústria tem reformulado suas receitas, substituindo parte do cacau por outros ingredientes para minimizar os impactos financeiros.
Movimentação dos Fundos e Impacto nos Preços
Os últimos dados da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CTFC) apontam que, entre os dias 28 de janeiro e 4 de fevereiro, os fundos reduziram sua posição líquida comprada em 2.975 contratos, permanecendo com um saldo de 33.245 contratos comprados. Essa movimentação reforça a ideia de que a recente queda do mercado foi impulsionada por liquidações de posições anteriormente compradas.
Apesar da perspectiva de queda nos preços do cacau no mercado internacional, os consumidores devem continuar a sentir o impacto do aumento dos custos. O repasse das altas de 2024 ainda está em curso, e os preços do chocolate seguem em tendência de elevação, mesmo diante da possível retração da demanda.
O cenário para 2025 ainda reserva incertezas, e o comportamento dos mercados dependerá não apenas da oferta e da demanda, mas também da resposta dos consumidores e das estratégias das grandes indústrias para lidar com os preços elevados da matéria-prima.
Fonte: mercadodocacau