Cacau paraense vira chocolate fino

Quem é apaixonado por chocolate sabe que a variedade de sabores e sensações parece infinita. Há os belgas, os africanos e tantos outros que dificultam, de uma maneira gostosa, a vida das pessoas. Qual chocolate escolher diante uma enorme variedade? O que poucos sabem é que aqui na região são produzidos os chocolates que figuram juntos aos já badalados na lista de melhores do mundo. 

 

O Pará, conhecido pelas castanhas, pelo açaí e por tantas outras matérias primas especiais, agora galga o reconhecimento pelo cacau. No ano passado o cacau baiano conseguiu um lugar de destaque no “Salão do Chocolate de Paris”, mas nesse ano quem se destaca por lá é o Pará, que pela primeira vez teve amostras de cacau selecionadas para disputar os prêmios internacionais de Cacau (ICA) e Cacau de Excelência (CoE). Os resultados serão divulgados em outubro no Salão do Chocolate de Paris. O feito é inédito e leva o fruto paraense para um outro patamar, deixando claro sua qualidade e sabor diferenciados.

 

Foram enviadas sete amostras de produtores paraenses em março deste ano, coletadas pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca – Sedap, junto com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira – Ceplac. As amostras selecionadas vêm de “terrois” distintos de produção cacaueira do Pará, de Gedaíldes Benício de Carvalho, produtor de Medicilândia, município que integra o “terroir” da Transamazônica (tradicional na produção cacaueira) e de João Nicolau Loff, produtor do município de Tucumã, que faz parte do “terroir” do Sul do Pará, consolidado recentemente.

 

O cacau paraense surpreende pelo sabor e cada vez mais ganha espaço na gastronomia, sendo incorporado em receitas sofisticadas de renomados chefs do Brasil, como Thiago Castanho, que comanda, junto com o irmão Felipe, o restaurante Remanso do Bosque. Um dos tipos de cacau mais conhecidos e elogiados por ele vem da Ilha do Combu, e com ele produtores como Dona Nena fazem um tipo de chocolate rústico, receita de família, passada de geração para geração. Foi através da sobrinha de Nena que Thiago a conheceu e virou um dos maiores divulgadores do chocolate produzido por ela, apresentando-o a renomados chefs como Alex Atala, que incluiu a iguaria no cardápio do seu restaurante em São Paulo. Thiago utiliza o chocolate em diversas receitas, como a “Jardinagem”, criada por ele em homenagem à Ilha do Combu e a uma obra do artista paraense Armando Queiroz. 

 

“Quando conheci a Nena fiquei emocionado, pois vi a forma artesanal como ela produzia e percebi inúmeras possibilidades na cozinha utilizando o cacau do Combu, que é de várzea e muito especial”, conta o chef. Segundo ele, cada região do Brasil produz um tipo de cacau específico, sendo o do Combu considerado único, por conta do sabor e por ter uma produção feita de forma familiar. “Precisamos evoluir e entender que o cacau é matéria prima selvagem que pode ser transformada em algo cultural. É necessário dar valor para a produção familiar”, enfatiza Castanho. 

 

Enquanto outros produtores de chocolate fino controlam sem cessar cada etapa da produção, a dona Nena aposta na sensibilidade. É tudo medido na base do “olhômetro”, uma forma muito particular de fazer uma iguaria tão gostosa e é aí que está o segredo da produção, além, é claro, do sabor do cacau. A massa e a manteiga são amalgamadas, sem açúcar, 100% cacau, que abocanhado se assemelha a um pedaço da floresta. “Selvagem”, como descreveu o chef Thiago Castanho. Fonte: Diário do Pará

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