Neste ano, devem ser processadas 212 mil toneladas de cacau no Brasil, o que representa uma queda de 3,2%, na comparação com 2015. No ano passado, foram pouco mais de 219 mil toneladas processadas, o equivalente a 77% da capacidade instalada da indústria, que atualmente é de 275 mil toneladas.
Os números foram divulgados pela Associação Nacional das Indústrias processadoras de Cacau (AIPC), que reuniu dados das empresas processadoras de cacau no Brasil. A queda da produção da indústria processadora só não foi maior por causa do aumento das exportações.
Em 2015, o mercado interno de derivados de cacau foi afetado pela redução da produção de chocolates, que fechou o ano com redução de 8,3%, de acordo com dados da Associação Brasileira de Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
Segundo Eduardo Bastos, diretor executivo da AIPC, para a indústria processadora não reduzir suas atividades e evitar demissões no ano de 2016, a solução foi ampliar as exportações contratas em regime drawback. Hoje, 4.200 empregos diretos são gerados pelo segmento. A exportação em 2016 deve crescer em torno de 19%, das 58 mil toneladas de 2015 para 69 mil em 2016.
De janeiro a junho deste ano, as exportações de derivados de cacau, como a manteiga de cacau e o cacau em pó, renderam ao Brasil US$ 133, milhões, um valor 21% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Bastos afirma que a indústria, que importa estritamente de Gana – o mais caro da África -, vem buscando outras fontes de suprimento da matéria-prima, devido à forte quebra da safra brasileira, aliada à ainda crônica insuficiência da oferta local.
“A AIPC está trabalhando com o governo federal, Ministério da Agricultura, MDIC e Itamaraty, na tentativa de negociar a retirada do embargo que inexplicavelmente proíbe a importação do cacau da Costa do Marfim desde 2012, além de viabilizar outras origens como camarões e Togo”, diz o executivo.
Só em 2016, a indústria processadora brasileira teve de importar quatro vezes mais do que todo o ano passado, por conta da quebra da safra de 2015/16 e d atraso na colheita do cacau na Bahia.
Seca
A seca no Nordeste, que já se estende há nove meses, vem prejudicando a produção de cacau, inclusive com a morte de árvores (o equivalente a 11% dos 450 mil hectares). Esse cenário deve comprometer as futuras safras.
No Brasil, toda a produção de cacau deve sofrer uma queda desastrosa, de 209 mil toneladas na safra 2015/2016 para lago em torno de 150 mil para a safra 2016/2017. Será o segundo pior resultado da produção de cacau, superando apenas a safra 2007/2008, que atingiu 142 mil toneladas. Fonte: Rural BR