De origem amazônica e produzidos a partir das amêndoas do fruto cultivado por indígenas, cinco chocolates estão ganhando destaque no mercado e ressaltando o empreendedorismo dos povos originários do médio Xingu. O Sidjá Wahiü, que significa mulher forte, dos indígenas da etnia Xipaya, vem conquistando o Brasil e participando de diversos eventos do setor. Outro caso bem-sucedido é o do chocolate Iawá – o nome é uma homenagem a matriarca da comunidade – desenvolvido pelos Kuruaya e premiado com o 3° lugar na categoria Melhor Chocolate ao Leite 50% Cacau, na Chocolat Xingu Festival 2023.
Com o sucesso das duas marcas, outros três produtos com proposta semelhante foram lançados este ano: o Yujdá, do povo Yudjá, o Karaum Paru, do povo Arara da Volta Grande do Xingu e o chocolate Ita’aka Akauwa, dos indígenas Asurini. Todas as marcas nasceram da parceria entre os povos indígenas, a Usina Hidrelétrica Belo Monte e a Cacauway, primeira fábrica de chocolate da Amazônia.
Embora os chocolates sejam resultados recentes das ações de sustentabilidade da Usina, a jornada dos indígenas com o cacau começou há cerca de dez anos, por meio das atividades de fortalecimento do cultivo do fruto para a geração de renda, contempladas no Plano Básico Ambiental do Componente Indígena de Belo Monte.
Além de ajudar a desenvolver a região, a produção sustentável de cacau feita pelos indígenas tem recuperado florestas degradadas na região amazônica, pois aplica sistemas agroflorestais combinados com cultivos de mandioca, banana, cupuaçu, açaí, além de manejo de madeira, como o cedro-cheiroso e o mogno. O resultado é a recuperação dessas áreas, cuja maior parte foi convertida de pastagens, com a redução do fogo e do desmatamento na região.
“Nosso objetivo é construir um legado positivo e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos territórios onde a Usina está inserida. Temos como premissas no processo de desenvolvimento dos chocolates potencializar as produções indígenas, incentivar o empreendedorismo sustentável, dialogar com as comunidades na elaboração das identidades visuais, agregar valor nas vendas e trazer desenvolvimento socioeconômico com foco na qualidade de vida da população e na proteção ambiental da bacia do rio Xingu”, disse Thomás Sottili, gerente de Projetos de Sustentabilidade da Norte Energia, concessionária da usina.
Protagonismo indígena
A líder indígena e empreendedora Katyana Xipaya é dona da marca de chocolate Sidjá Wahiü. Produzido a partir das amêndoas do cacau cultivado pelos Xipaya na comunidade Jericoá 2, em Vitória do Xingu (PA), o chocolate de Katyana é intenso, com 72% de cacau e 15% de frutas secas como abacaxi, pitaia e banana, todos oriundos de sua terra. A técnica da desidratação das frutas, ela aprendeu a fazer com o avô. Graças ao Sidjá, a líder indígena já participou de festivais do setor em Altamira e Belém (PA), Salvador (BA) e Brasília (DF).
“Indígena, mulher, agricultora e poder ganhar meu próprio sustento e trazer soluções para a sobrevivência da minha comunidade. Isso mudou minha forma de ver a vida e podemos mostrar para outras comunidades que a vida não é só a que a sociedade impõe. O indígena quer trabalhar e se sustentar. E tenho certeza que o chocolate que estou produzindo é de alta qualidade, vai levar a cultura indígena e as riquezas da Amazônia e a força da Natureza para lugares que nem imagino”, afirma Katyana.
Com a perda do avô, há oito anos, Katyana passou a se preocupar em formas para prover a sobrevivência de sua comunidade. Ela viu na agricultura a capacidade de se desenvolver e empreender. Através do programa Belo Monte Empreende, promovido pela Norte Energia, em parceria com o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA), Katyana recebeu o treinamento para abrir seu negócio e o suporte financeiro para desenvolver a marca e o design da embalagem de seu chocolate.
A agricultura de subsistência faz parte da cultura dos indígenas da etnia Asurini, que vivem na Terra Indígena Koatinemo, localizada nos municípios de Altamira e Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará. Este ano, eles decidiram ampliar as possibilidades de geração de renda investindo na transformação do cacau cultivado em suas terras em um chocolate batizado de Ita’Aka Akauwa, que significa Cacau (Akauwa) da Pedra (Ita) Rachada (Aka).
Os frutos são levados até a cidade de Medicilândia para serem transformados em chocolate na Cacauway, fábrica da Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans). O resultado é uma barra que possui 55% de cacau e pedaços crocantes de banana desidratada, trazendo uma textura suave e um toque adocicado.
“Antes da ideia de fazer o chocolate, nosso trabalho com o cacau não era reconhecido, agora as pessoas vão ver nosso chocolate, vai ser um chocolate da aldeia. Foram grandes desafios para chegar até esse momento e esse projeto vai trazer renda para ajudar nosso povo”, conta Tukura Asurini, um dos indígenas participantes do projeto.
Os chocolates indígenas levam em cada pedaço composições e saberes dos povos originários, bem como, a preservação da natureza e da biodiversidade. Todos estão disponíveis nas lojas da Cacauway. Para saber mais sobre os chocolates indígenas do médio Xingu, acesse o site: https://www.norteenergiasa.com.br/sustentabilidade/iniciativas/chocolates-indigenas-do-medio-xingu
Sobre a Usina Hidrelétrica Belo Monte
A usina é a maior hidrelétrica 100% brasileira e a quinta maior do mundo. Com capacidade para atender 60 milhões de pessoas, Belo Monte gera energia limpa e renovável e é a que menos emite no bioma amazônico. A hidrelétrica é responsável pelo atendimento de 10% da demanda do País e atua como bateria natural do sistema energético, ajudando na reserva nacional e em momentos alta demanda de energia.
Fonte: oliberal