Camarões fortalece controle de qualidade e rastreabilidade com nova plataforma sanitária para o cacau e o café

O governo de Camarões deu nesta terça-feira, 4 de junho de 2025, mais um passo estratégico para garantir a competitividade e a conformidade dos seus principais produtos agrícolas no mercado internacional. O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Minader), Gabriel Mbairobe, lançou oficialmente, em Yaoundé, uma nova plataforma de monitoramento regulatório, alerta e vigilância sanitária e fitossanitária voltada ao cacau e ao café do país.

A estrutura, criada em janeiro de 2023, atua como um fórum de cooperação entre o governo e o setor privado, representado pelo Conselho Interprofissional de Cacau e Café (CICC). Seu principal objetivo é assegurar que os produtos camaroneses atendam às exigências sanitárias e regulatórias dos mercados doméstico e internacional, em especial em relação aos limites máximos de resíduos de pesticidas, presença de micotoxinas, metais pesados, materiais de embalagem e processos de tratamento pós-colheita.

Além disso, a plataforma será responsável por:

  • Identificar as principais fontes de informação em regulamentação internacional;

  • Monitorar alterações nas exigências comerciais globais;

  • Emitir alertas sanitários e fitossanitários sobre as safras nacionais;

  • Acompanhar notificações de interceptações e rejeições em portos estrangeiros;

  • Avaliar periodicamente a conformidade física, química e microbiológica do cacau e café exportados.

Qualidade reconhecida e incentivo ao produtor

Essa nova iniciativa se soma a uma série de medidas adotadas pelo governo nos últimos anos para elevar os padrões de qualidade do cacau e do café de Camarões. Entre elas, destacam-se os centros de pós-colheita para produção de cacau sem defeitos e um programa de bonificação por qualidade que já distribuiu cerca de 5 bilhões de francos CFA desde a safra 2017-2018 a produtores que entregam grãos de alto padrão.

Como reflexo desses esforços, um relatório do Conselho Nacional de Cacau e Café (ONCC) revelou que, na temporada 2020-2021, o país alcançou o maior volume histórico de grãos submetidos a controle de qualidade e a maior taxa de grãos classificados como grau I em duas décadas.

Essa evolução culminou no reconhecimento internacional: em junho de 2023, Camarões foi admitido pela Organização Internacional do Cacau (ICCO) no seleto grupo de países produtores de “cacau fino” — classificação reservada a amêndoas com qualidades organolépticas superiores, como sabor e aroma refinados, comparáveis a um “grand cru” no mundo dos vinhos.

Alinhamento com exigências europeias e oportunidades comerciais

A atenção crescente à rastreabilidade, segurança alimentar e conformidade regulatória também responde a pressões crescentes dos mercados consumidores, especialmente na Europa. Produtos como o cacau, café e banana, fundamentais para a balança comercial camaronesa, precisam cumprir critérios ambientais e sanitários mais rigorosos, especialmente após a entrada em vigor de políticas como o Regulamento da União Europeia contra o Desmatamento (EUDR).

Nesse contexto, a manutenção de acordos comerciais, como os Acordos de Parceria Econômica (APE) entre Camarões e a União Europeia, reforçados pelo Reino Unido após o Brexit, são estratégicos. Somente o Reino Unido representa 13% das exportações de banana do país, movimentando quase 10 milhões de euros em receitas anuais.

A nova plataforma, portanto, não apenas protege a integridade sanitária do cacau e do café, como reforça a credibilidade internacional dos produtos agrícolas camaroneses em um cenário de crescente exigência por sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade.

Fonte: mercaododoacau com informações businessincameroon

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