Um buzinaço diante da Esplanada dos Ministérios marcou ontem o fim dos bloqueios em estradas do país. Após uma reunião com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, representantes dos caminhoneiros decidiram suspender os protestos em Rodovias. A pauta de reivindicações, porém, ainda será discutida em detalhe em novo encontro, marcado para o próximo dia 10 e coordenado pelo Ministério dos Transportes.
– Decidimos suspender a paralisação até o dia 10 e apostar na mesa de negociação, onde todos os itens serão discutidos, começando pelo preço do frete – disse um dos líderes do movimento, Carlos Alberto Litti.
Pela manhã, relatório da Polícia Rodoviária Federal indicava que não havia mais interdições em Rodovias federais do país. Quatro trechos no Rio Grande do Sul permaneciam com manifestações, mas às margens das vias, nos municípios de Soledade (BR-386), Santa Maria (BR-392), Santa Rosa (BR-472) e Cachoeira do Sul (BR-153).
Mais cedo, lideranças dos caminhoneiros se reuniram com vários parlamentares na Câmara. O presidente da Frente Parlamentar de Transporte e Logística, deputado Covatti Filho (PP-RS), disse que o futuro dos protestos vai depender da resposta do Palácio do Planalto: – Hoje está nas mãos do governo acabar com o movimento.
O deputado Adilton Sachetti (PSB- MT), integrante da Comissão de Agricultura da Câmara, acredita que o preço do óleo diesel é o principal entrave. O problema dos caminhoneiros, alega, começou quando o governo deu incentivos para a compra de caminhões. Isso levou ao endividamento dos caminhoneiros. O excesso de veículos leva à redução do preço do frete.
– O governo tem que entender que o movimento dos caminhoneiros é difuso, a Câmara é a representante. Se não há uma liderança, os parlamentares podem agir para ajudar – afirmou.
Um dos líderes do movimento dos caminhoneiros, Tiago Sebrensk, do município de Pitanga, região central do Paraná, disse que o pequeno produtor de leite também está sendo prejudicado. Ele reclamou do preço do combustível. O litro do diesel chegou a R$ 3,80, enquanto as grandes empresas de frota de caminhão estão pagando o frete a R$ 2,90 por quilômetro rodado, livre do pedágio para o transporte de grão na época da safra.
– Este é o mesmo valor do frete, o mesmo de oito anos atrás, quando o óleo diesel representava 20% do custo do caminhoneiro. Atualmente, o custo do combustível representa 80% – disse Sebrensk. Fonte: O Globo