Como a companhia italiana atua no mundo, em uma cadeia que envolve 167 mil agricultores familiares.
A cadeia da produção de cacau nos países em que o cultivo da fruta é possível tem a mesma configuração: ela é formada por pequenos agricultores. No Brasil, 84% do total, cerca de 78 mil propriedades rurais cultivam cacau em áreas inferiores a 50 hectares. A produção global das pequenas propriedades é de 5,6 milhões de toneladas de amêndoas, segundo a FAOSTAT 2020, o banco de dados da FAO (Organização para Agricultura e Alimentação), sendo a Costa do Marfim o maior produtor com 39%, e Gana, com 14,5%. Em seguida estão Indonésia (14,0%), Nigéria (6,3%), Equador (5,1%), Camarões (5,0%) e o Brasil (4,6%). Esse grupo de países é responsável por 88,4% de todo o cacau consumido no mundo, com uma corrida global de empresas em busca de amêndoas premium. Mas não há disponibilidade suficiente, obrigando as companhias do setor a escolherem entre dois caminhos: disputar mercado ou formar seus próprios fornecedores da fruta.
A Ferrero, um dos nomes mais conhecidos no mundo do chocolate, optou pela segunda via e em larga escala. De origem italiana, a Ferrero tem 167 mil agricultores que são fornecedores de cacau para os seus chocolates, como os bombons, as barras e o mais famoso produto, a Nutella, um creme de cacau, avelã e leite criado em 1963 e vendido em 75 países.
“Em 2022, o bombom Ferrero Rocher completa 40 anos. Também é um produto de sucesso mundial. A forma como a Ferrero desenvolve o produto determina a forma como gerenciamos nossas cadeias de suprimentos”, diz o administrador brasileiro Marco Gonçalves, diretor da cadeia do avelã, compras e suprimentos, e porta-voz do Plano do Cacau na Ferrero, um projeto que inclui a Carta do Cacau, lista de orientações para a cadeia da fruta publicada no mês passado. Gonçalves, que hoje mora em Luxemburgo, onde fica uma das unidades de administração da Ferrero, está há 40 anos no setor de alimentação e produtos pessoais, com passagens pela Vigor, Unilever e Nestlé.
As cartas fazem parte de um projeto que começou em 2021. A primeira foi a do avelã, castanha que vai no principal bombom da marca, e também para o óleo de palma. Para este ano, além do cacau, está prevista a carta para a cadeia leiteira, produto que vai na composição do chocolate. “Elas foram criadas pela necessidade de comunicação com os fornecedores de forma clara”, afirma Gonçalves. “Os desafios nas cadeias são enormes e evoluem.” Fontes: https://forbes.com.br/