No último dia 22 de junho, atendendo convite da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de São José do Rio Preto, São Paulo, a CEPLAC (Departamento da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, enviou o seu pesquisador Adonias de Castro Virgens Filho, do Centro de Pesquisas do Cacau – CEPEC, para realizar visitas técnicas em algumas propriedades da região e proferir palestra sobre o “Sistema Agroflorestal Cacau e Seringueira como alternativa ao Desenvolvimento Sustentável”.
O evento aconteceu na “Reunião Técnica de Heveicultura”, realizada nesse município, e contou com ampla participação de produtores, técnicos, profissionais liberais, estudantes, professores, e representantes de agroindústrias e empresas de insumos ligadas à Cadeia Produtiva da Borracha. A programação abordou temas como o mercado da borracha, desenvolvimento da heveicultura no estado, qualidade como fator diferencial na produção e ações desenvolvidas pela Câmara Setorial da Borracha no Brasil.
O Estado de São Paulo é o maior produtor de borracha natural do Brasil, com cerca de 72.000 hectares de seringueira, sendo a região de São José do Rio Preto a possuidora de maior área plantada. Esses fatores contribuem para despertar o interesse dos produtores nessa temática do SAF/cacau e seringueira, pela oportunidade que representa para a região, visando o desenvolvimento de uma economia fundamentada na exploração de duas commodities, aproveitando a expertise existente para estas culturas e a facilidade de comercialização quando adquirem escala.
Apesar de este produto figurar como uma das principais alternativas econômicas do noroeste paulista, as variações de preços da borracha provocam impacto na economia, que alterna ciclos altos e baixos de receitas, afetando a sobrevivência dos produtores. Neste sentido, o SAF cacau e seringueira pode se constituir numa opção para atenuar estes efeitos e promover o aumento da renda por unidade de área, conforme tem sido o interesse demonstrado por alguns produtores locais.
O Zoneamento de Aptidão Ecológica para a Cultura do Cacau no Estado de São Paulo, realizado pelo Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO), preconiza que o cacaueiro na região de São José do Rio Preto está inserido na Faixa “D”, considerada como inapta para a exploração comercial, pelo fato de o clima apresentar déficit hídrico anual acima de 100 mm com estação seca muito pronunciada. Isto é válido para os vales dos rios Turvo e a parte baixa do Tietê, entre outras regiões citadas. Contudo, se adotada a prática de irrigação ou fertirrigação, o plantio passará a ser viável.
Sob esta perspectiva, a CATI está buscando a parceria da CEPLAC, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) para realizarem estudos visando validar e adaptar tecnologias para o plantio do sistema agroflorestal cacaueiro e seringueira.
Esta iniciativa, segundo Raúl René Valle, Chefe do Centro de Pesquisas do Cacau da CEPLAC/MAPA, “é uma importante oportunidade para o desenvolvimento e expansão da cultura do cacau naquele Estado, utilizando tecnologias de ponta. Neste sentido, a Ceplac coloca o seu acervo técnico-científico à disposição dos produtores, através de parcerias sólidas com instituições consolidadas”.