Cacau registra alta semanal, mesmo com queda após anúncio de tarifas “recíprocas” nos EUA

Na semana entre os dias 31 de março e 7 de abril, os contratos futuros de cacau apresentaram expressiva volatilidade, encerrando o período em alta nos mercados internacionais. Em Nova Iorque, o contrato mais negociado (maio/2025) registrou incremento de 5,8%, encerrando a semana cotado a 8.512 USD/t. Em Londres, o mesmo contrato apresentou alta de 1,3%, fechando em 6.432 GBP/t.

O movimento altista nos preços futuros de cacau continua atrelado a incertezas substanciais acerca da oferta no Oeste Africano. De acordo com relatos locais, a segunda metade da safra 2024/25 pode revelar resultados consideravelmente inferiores à média histórica, com possibilidade de queda de até 40% em relação ao período anterior. Ademais, sobretudo desde o início do ano, a contração significativa dos volumes semanais de exportação de amêndoas reportada pela Costa do Marfim tem progressivamente reforçado a percepção de risco por parte dos agentes de mercado acerca do potencial produtivo na principal região produtora de cacau no mundo.

A partir de 2 de abril, contudo, a expressiva valorização observada nas primeiras sessões da semana foi rapidamente revertida em liquidações de contratos futuros. Tal movimento ocorreu após o anúncio de imposição de tarifas “recíprocas” de importação pelos Estados Unidos, o que gerou um intenso sentimento global de aversão ao risco nos mercados financeiros. Como consequência, ativos considerados mais arriscados, como ações, moedas de países emergentes e diversas commodities, sofreram desvalorização, enquanto houve acentuada valorização de ativos normalmente classificados como “portos seguros”, a exemplo do euro, do iene japonês e do franco suíço. Nesse intervalo, o índice CRB de commodities recuou 5,9% e o Dollar Index (DXY) registrou queda de 1%, enquanto o euro obteve alta de 1,6%.