O ELEITOR E O LADRÃO

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Rogério Brandão
Advogado

A lógica é definida como modo de raciocinar coerente que expressa uma relação de causa e conseqüência, ou seja, o raciocínio tem, obrigatoriamente, que ter ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas idéias para alcançar uma relação unitária e harmônica entre os mesmos. Se, por exemplo, sei que o fogo queima, concluo por óbvio que dele devo me afastar, assim estabeleço o nexo, a ligação, e a harmonia entre a causa e a conseqüência, entre a lógica e a coerência.

A operação Lava Jato escancarou a roubalheira dos políticos através de esquemas de propina em empresas estatais e órgãos governamentais em valores nunca vistos no mundo, se tratam de quantias estratosféricas, só na Petrobrás a estimativa é de 11 bilhões de reais, uma vergonha para o país que escandalizado assiste a cada dia mais revelações de maracutaias que redundam em prisões de figurões da política e do mundo empresarial, estes que jamais pensaram que um dia pudessem estar atrás das grades, onde se alimentam de quentinhas, usam privadas coletivas e colchões simples, trazendo-os a condição de simples mortais em contraste as mordomias e palacetes a que se acostumaram, e aos pedestais em que se achavam. O que se constata do apurado até aqui, é a comprovação de formação de organização criminosa capitaneada pelo PT, com a participação e cumplicidade em maior volume do PP e do PMDB, já tendo a justiça condenado vários dos seus membros, inclusive o Lula, com o agravante de que muitos deles já haviam sido igualmente condenados no esquema do mensalão. No passado, o fato de ter sido pego com a mão na cumbuca, bastaria para que o infrator se retirasse de cena voluntariamente evitando a repulsa velada da sociedade, no entanto, de uns tempos pra cá, os meliantes não só permanecem em cena como têm o apoio de parte da sociedade. A meu ver, se médico fosse, entenderia que dito apoio tem lastro no que se compreende como transtorno de personalidade, este que se caracteriza por padrões de comportamento de interação interpessoais, a princípio tido como normais pelo indivíduo, mas, que, se concluem como desviantes das normas e dos princípios básicos das relações pessoais e sociais, isso porquê, embora tenha o indivíduo pleno conhecimento e consciência do que é dignidade, honra, caráter, moral, e ética, estes princípios não se aplicam em particular, a determinado assunto, é como se os fins justificassem os meios, e tanto têm consciência dos supracitados princípios, que os exigem dos outros, e os julgam, a exemplo da honestidade, especialmente nos compromissos dos outros para com eles. Assim, voltemos ao topo desta escrita. Voltemos à lógica e a coerência. A lógica neste caso é que aqueles que foram apanhados com a boca na botija, apropriando-se de dinheiro público através de propina, foram penalmente indiciados e posteriormente condenados por crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e outros, e popularmente qualificados como ladrões. Em sendo ladrões transgrediram as leis, as normas, e os princípios basilares da sociedade, e assim procedendo, encaminharam-se para a marginalidade. Dentro dessa lógica, a coerência me indica que deles devo me afastar para assim alcançar à unidade, o nexo, a ligação, e a harmonia entre a causa e a conseqüência, sendo esta, portanto, à atitude lógica e coerente a ser adotada, fora disso, estarei ao lado dos ladrões e, por conseqüência, concordando com as transgressões as leis, as normas e aos princípios que regem a sociedade.

Por fim, ao que tudo indica, e por absurdo que seja tudo faz crer que muitos dos envolvidos na Operação Lava Jato serão candidatos na próxima eleição, e aí veremos se a lógica, a coerência, e a razão vencem o transtorno, ou se o eleitor elege o ladrão.

O texto expressa a opinião do colunista e é de responsabildiade do autor. 

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