Estamos vivenciando um momento histórico sem precedentes. Na bolsa de Nova Iorque, a cotação do cacau atingiu valores inéditos, e infelizmente, não parece haver um fim iminente para essa ascensão no mercado.
Diversos fatores estão influenciando esse cenário, desde questões climáticas até o aumento da demanda. Contudo, é inegável que o cacau alcançou um novo patamar de preço, impactando diretamente nos custos dos produtos derivados dessa cultura.
Apesar das notícias desafiadoras, o Brasil testemunha a revitalização da economia do cacau, com o crescimento de lavouras, a aplicação intensiva de tecnologia agrícola, cultivos a pleno sol e um aumento notável na produtividade. O país busca reconquistar sua posição de destaque na produção mundial de cacau, deixando de ser um importador líquido, e almeja voltar a ser um dos três maiores produtores de cacau, bem como o terceiro maior mercado de chocolate do planeta nos próximos 5 anos, conforme anunciado pelo Ministério da Agricultura. (https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/ceplac).
Neste contexto, surge uma oportunidade de ouro: a possibilidade de integrar o cultivo e a cultura do cacau, agora profissionalizados, mecanizados e intensivos, a um novo eixo de desenvolvimento industrial!
Recentemente, o Governo Brasileiro, por meio do Ministério da Indústria e Comércio, anunciou a Nova Indústria Brasil (https://www.gov.br/mdic/pt-br/assuntos/noticias/2024/janeiro/brasil- ganha-nova-politica-industrial-com-metas-e-acoes-para-o-desenvolvimento-ate-2033), uma política voltada para seis missões temáticas da indústria, visando estabelecer prioridades para uma neo-industrialização no país. Este é um passo importante, considerando a deterioração da indústria nacional ao longo dos anos, marcada pelo sucateamento de seu parque, tributos excessivos e baixa competitividade.
A Economia do Cacau tem a chance de aproveitar esse momento para construir uma cadeia produtiva robusta, combinando a tecnologia do agro com a agregação de valor de uma indústria moderna, ágil e digital. É possível integrar essa economia cacaueira tanto na Missão 1 – Cadeias Agroindustriais Sustentáveis e Digitais para a Segurança Alimentar, Nutricional e Energética, quanto na Missão 4 – Transformação Digital da Indústria para Ampliar a Produtividade.
Grandes projetos de plantios de cacau já estão em andamento no Brasil. Agora, temos a oportunidade de criar e fortalecer a indústria do cacau no país, democratizando o acesso aos produtos de maneira moderna e competitiva, com identidade genuinamente brasileira. Esta é, sem dúvida, a chance de estabelecer uma das maiores plataformas da economia do cacau e chocolate no mundo, alinhada às vocações intrínsecas do Brasil!
Torço para que produtores e industriais compreendam a importância deste momento e unam esforços na criação dessa cadeia de valor, rica não apenas financeiramente, mas também culturalmente, para o país!
Aproveitando a oportunidade, este é meu primeiro texto nesta coluna do Mercado do Cacau! Terei a honra e o prazer de dialogar com a audiência do maior portal nacional da economia cacaueira a cada 30 dias, abordando temas como empreendedorismo, mundo digital, liderança, inovação e, é claro, sobre o cacau. Espero proporcionar reflexões significativas para o dia a dia de todos vocês, enriquecendo esta troca de ideias.
Matheus Pedrosa dos Reis, 41 anos, noivo, pai de um filho de 3 anos e empresário na Fralía Cacau Brasil, uma indústria de cacau localizada em Minas Gerais. Com experiência anterior no mercado de tecnologia da informação, atua vigorosamente no associativismo, defendendo os interesses da indústria por meio da FIEMG, e promovendo empreendedorismo e governança para os empresários brasileiros.