“A introdução de um prêmio mínimo de US$ 400 por tonelada pelos dois maiores produtores globais para a safra 2020/2021, cria um cenário ainda inexplorado pelo mercado, para o qual esperamos maior volatilidade”, diz a empresa em relatório.
A FCStone ressalta que as entregas nos portos da Costa do Marfim, que apresentaram fortes números nas primeiras semanas da safra 2019/2020, já demonstram perda de fôlego. Até a terceira semana de novembro, o acumulado das entregas era 2,9% menor ante o mesmo intervalo de 2018.
“Enxergamos que o forte início de safra foi impulsionado pela estocagem de amêndoas maior que a usual dos produtores ao fim da safra anterior para negociá-las a melhores preços no início da nova temporada”, explica.
Clima
As condições climáticas na Costa do Marfim e Gana, principais produtores mundiais, apontam boas perspectivas para a safra intermediária. O Índice de Saúde da Vegetação (VHI), importante indicador a respeito das condições de temperatura e umidade, mostra níveis bastante superiores aos de 2018 e às médias históricas. Além disso, a baixa probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño deve gerar boas perspectivas para a safra intermediária, colhida a partir de abril.
Pelo lado da demanda, os dados de processamento do cacau ao redor do mundo deram indicativos bastante heterogêneos no último trimestre, de modo que a Ásia deu continuidade ao intenso crescimento de moagem, a Europa com números praticamente constantes e as Américas refletindo fortes quedas.
A consultoria vê ainda que a menor procura pela amêndoa nas Américas e Europa foram, sobretudo, reflexos das menores margens de contribuição, fator que deprime a atividade da indústria. Fora destes nichos que sempre representaram importantes regiões demandantes da amêndoa, há tendência de avanço da moagem da commodity nas regiões produtoras, a exemplo da Costa do Marfim.
Em meio a alta sazonal de procura pela manteiga em preparação para o forte consumo nos meses de inverno no hemisfério Norte e comemorações de fim de ano, as processadoras usufruem de maiores ratios da manteiga. “Todavia, para o próximo trimestre, o ritmo de transformação da amêndoa em produtos secundários tende a decrescer, puxando consigo o ratio da manteiga e estreitando as margens”, comenta a empresa.
Economia mundial
Por não ser um bem de primeira necessidade, o cacau possui elevada correlação com a renda, assim indicativos macroeconômicos são vitais às expectativas de demanda. Para a safra 2019/2020 os avanços das negociações comerciais entre Estados Unidos e China no tocante à guerra comercial se mantém como fator central ao desempenho econômico global e, portanto, à demanda pelos derivados do cacau.
Em 2019, a Europa, principal demandante final dos derivados do cacau, sentiu os impactos dos entraves no comércio global sobre seus índices econômicos, contudo, indicadores recentes começam sinalizar pequena melhora de conjuntura, e dão sustentação à demanda por chocolates e outros derivados.
“A combinação destes elementos constrói um cenário de maior aperto no balanço de oferta e demanda de cacau para a temporada 2019/2020, de modo que estimamos um déficit de 50 mil toneladas no saldo da amêndoa para a safra”, afirma a INTL.
Para a empresa, há um comportamento cíclico que incide sobre o fruto, diante de características botânicas e de oferta. O cacau une uma estrutura de oferta pulverizada entre pequenos produtores individuais (a qual é mais suscetível a uma alternância dos investimentos frente às variações nos preços) com o ciclo de produção do cacaueiro, cujos frutos começam a dar retornos após 3 a 5 anos do plantio.
Deste modo, a cultura atravessou nos últimos anos uma fase de investimentos reduzidos, causando envelhecimento das árvores e queda do potencial produtivo, tais elementos fundamentam as estimativas de balanço deficitário para a safra 2019/2020 e de preços sustentados. Fonte: Canal Rural