Mais de um mês após a exoneração do pesquisador aposentado Sebastião Barbosa da presidência da Embrapa, o cargo continua vago e deverá ser definido até o fim de setembro, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ao Valor.
A ministra faz mistério sobre os candidatos que poderão assumir o comando da estatal de pesquisas agrícolas, que tem passado por turbulências nos últimos anos em meio a uma tentativa de governos anteriores de modernizá-la. Mas diz já ter avaliado “vários nomes” e espera em breve levar sua escolha para a deliberação do Conselho de Administração da Embrapa, que voltará a se reunir em meados do mês que vem.
“O nome precisa passar pelo conselho, não é uma decisão unilateral minha. Temos muita coisa para mexer na empresa, mas não é uma coisa que vai acontecer de hoje para amanhã. A Embrapa faz parte das minhas preocupações”, afirmou a ministra.
Tereza Cristina reforça que o nome escolhido precisa, em primeiro lugar, estar comprometido com um novo plano de modernização para a empresa, que está em gestação no Ministério da Agricultura. O plano deverá ser mais amplo do que a reestruturação que vinha sendo conduzida pelo ex-presidente Maurício Lopes e que ganhou força no governo Dilma.
“O modelo em que a Embrapa caminhou ficou hoje obsoleto. Ela atualmente é uma empresa muito pesada, mas precisa ser mais ágil, leve, para que possa estar inserida no mundo moderno das “startups”. Não que não esteja, mas poderia estar muito mais”.
Fernando Camargo, presidente do conselho da Embrapa e secretário de Inovação do Ministério da Agricultura, explica que o processo de escolha do novo presidente vem sendo rigoroso – por isso a demora. Ele garantiu que a escolha não seguirá processo formal de seleção para convocação de candidatos como da última vez, em que o escolhido foi Barbosa – à época 16 pessoas se candidataram para a vaga.
Quem está na frente na bolsa de apostas é o atual presidente interino da Embrapa, Celso Moretti, que era diretor de Pesquisa e Desenvolvimento na gestão de Barbosa e vem dando mostras de alinhamento com a ministra, ao contrário do antigo chefe. Chamou a atenção nos últimos dias uma visita de Tereza a Moretti, na sede da empresa, no fim da tarde, fora da agenda. “Ele conta com uma atenção da ministra que o Sebastião não tinha. E ela tem feito boas referências ao nome dele”, disse uma fonte do ministério.
Outro nome lembrado é o do ex-deputado federal Xico Graziano, que concorreu ao processo de seleção para presidir a estatal em 2018. Também passou a circular ultimamente o nome de Eduardo Brito Bastos, diretor executivo da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (Anipc).
No processo de escolha, Tereza Cristina vem consultando assessores especiais no ministério que já passaram pela Embrapa, como Francisco Basílio, que enfrenta resistências junto a servidores por conta de uma passagem conturbada pela diretoria internacional da estatal.
No início do ano, o Valor mostrou que Basílio foi nomeado por Tereza Cristina após ser vetado para o cargo de vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil pelo Comitê de Ética da instituição. Mais recentemente, Basílio passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de irregularidades em um projeto de cooperação técnica do Ministério da Agricultura há cinco anos. Fonte: Valor