Commodities exportadas pelo país sobem nas bolsas dos EUA

A expressão “commodities em queda”, tão usada por diferentes players do agronegócio global para justificar resultados adversos entre 2013 e 2015, perdeu definitivamente o sentido este ano. Cinco das oito principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior encerram 2016 com preços internacionais em patamares superiores aos do ano passado, sob a influência de fatores ligados a fundamentos de oferta e demanda que, ao que tudo indica, ainda permanecerão no radar em 2017.

Em diversos períodos, as altas observadas nos mercados de açúcar, café, suco de laranja, algodão e soja sobrepujaram o peso de ondas de aversão a risco e outros movimentos financeiros alheios aos fundamentos em si. Mas não foi pequena a pressão gerada por esses movimentos, que tem nas oscilações do dólar um de seus sintomas, e essa contaminação não será menor no ano que vem – até porque muita gente acredita que, com Donald Trump na Casa Branca, o terreno para as especulações poderá se mostrar até mais fértil.

Segundo cálculos nas médias anuais dos contratos futuros de segunda posição de entrega negociados nas bolsas de Nova York e Chicago, as mais significativas altas agrícolas observadas este ano são no mercado nova-iorquino.Ali, o açúcar fecha 2016 com a maior cotação média desde 2012, 35,7% superior a de 2015 (o balanço foi concluído no dia 28 de dezembro). A forte recuperação reflete um déficit mundial de oferta após cinco temporadas de superávit e, como a relação entre produção e consumo continua justa, a maior parte das projeções considera que os preços continuarão sustentados no ano que vem – uma boa notícia para o Brasil, que lidera as exportações do produto.

Outra commodity que tem as exportações encabeçadas pelo país e cujas cotações tendem a seguir firmes é o suco de laranja. Ocorre que perduram os problemas fitossanitários no parque citrícola da Flórida, o que reduz a oferta americana de suco, e por mais que a produção brasileira da fruta possa aumentar, o desequilíbrio entre oferta e demanda deve se manter. Mas, como o produto encerra o ano com o maior preço médio da história, 31,3% superior ao de 2015, não é difícil uma acomodação em nível mais baixo em 2017, mas ainda elevado. No momento, entretanto, o viés é mesmo altista, já que a média entre outubro a novembro é também um novo recorde trimestral.

Outro produto que sobe na bolsa de Nova York em 2016 em relação ao ano passado (3,3%) é o algodão, que vinha em queda desde 2013. As oscilações dos preços da commodity vem sofrendo nos últimos anos grande influência da estratégia da China para os estoques do país (os estoques mundiais estão em queda) e também das cotações do petróleo – e este, como está em ascensão, poderá devolver um pouco mais de competitividade à fibra em relação a seus concorrentes sintéticos. Ainda no mercado nova-iorquino, o destaque negativo foi o cacau, que, sem crise de oferta e nada de empolgante do lado da demanda, fecha 2016 com cotação média anual 7,7% menor que o de 2015.

Na bolsa de Chicago, onde são referenciados os principais grãos comercializados no mundo, houve menos surpresas que em Nova York neste ano. Mas os resultados observados em geral beneficiaram o Brasil. No mercado de soja, carro-chefe do agronegócio nacional, a cotação média da oleaginosa fecha 2016 com variação positiva de 5,1%, apesar de a tendência de aumento da produção ter perdurado, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil e na Argentina, os três maiores produtores e exportadores do grão do mundo. Em larga medida, as cotações encontraram suporte na demanda da China, aquecida apesar da desaceleração econômica.

No mercado de milho, o ano termina com um valor médio dos contratos futuros de segunda posição de entrega 5,2% menor que o de 2015, mas certamente a queda poderia ter sido maior não fosse o encolhimento da produção do Brasil na safra 2015/16, bastante prejudicada por adversidades climáticas decorrentes da ocorrência do fenômeno El Niño. O próprio Brasil, que nesta década se firmou como um dos maiores exportadores do cereal do planeta, teve que realizar importações em 2016 para atender parte da demanda de cooperativas e frigoríficos de aves e suínos. Mas o cenário tende a mudar, já que a safra americana é recorde e a oferta brasileira voltará a aumentar.

Já no mercado de trigo, que vive uma era de relativo conforto no quadro de oferta e demanda, este é mais um ano de queda – de 12% na comparação com 2015, para o mais baixo patamar anual desde 2006. E não há pela frente sinais de que a situação vá mudar – o que favorece o Brasil, um dos maiores importadores globais. Fonte: Valor

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