Como faturar no mercado de chocolate

Estratégias no setor ajudam empreendedores a driblarem a situação do país

Segundo a empresa Euromonitor, os volumes globais de produção de chocolate caíram 1,1% em comparação com 2015. Apesar dessa queda global na produção do doce, no Brasil, os dados são outros.

De acordo com dados de 2014 da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates Cacau e Amendoim, o brasileiro consome em média 2,8 quilos de chocolate por ano – sendo 55% desses consumidores da classe C. Com a queda no consumo mundial e a situação econômica do país, as empresas do mercado de chocolate foram desafiadas a reinventar seus produtos.

Muito focadas na importação do chocolate, hoje, as empresas já investem no cacau nacional para criar um produto original e mais sofisticado, por exemplo. “Investir nesse mercado significa ser criativo. É preciso apostar em um produto diferente, embalagens chamativas e se especializar muito no setor, através de cursos, para ganhar credibilidade com o cliente”, diz Leonardo Paiva, consultor do Sebrae-SP.

Para quem pensa em investir nesse setor, é importante se inspirar em quem já se estruturou no mercado brasileiro. Confira três empresas provam que sem dedicação e originalidade não se faz um bom negócio:

1. Brigadeiros by Cousin’s
A loja surgiu em 2011 em um pequeno ponto na zona oeste de São Paulo. A Brigadeiros By Cousin’s chama a atenção pela delicadeza da sua decoração, que se assemelha às pequenas pâtisseries francesas.

O local foi montado pelo casal Giulianna Loduca Scalamandre, 40 anos, e Edoardo Jana, 43. “Minha esposa é designer de interiores, mas se especializou em gastronomia através de cursos. Ela sempre fez doces excelentes, inclusive o brigadeiro. Quando abrimos a loja, focamos nele”, conta Jana.

Contudo, pouco tempo depois, a loja estava oferecendo mais de 30 tipos de doces, com uma mistura de receitas francesas e alguns ingredientes brasileiros. “Quando ampliamos a gama de produtos, ficou difícil conciliar a loja e os cursos no exterior da Giulianna. Como não queríamos abrir as receitas para ninguém, ela me capacitou para que eu pudesse fazer qualquer receita na sua ausência. Hoje, quando ela viaja, eu cuido da cozinha tranquilamente”, conta Jana.

Entre os pontos fortes da confeitaria, estão os brigadeiros recheados de bolo de cenoura e com toque de flor de sal e azeite. “Além dos brigadeiros, hoje nosso cardápio conta com 50 tipos diferentes que alternamos todos os dias na vitrine. Prezamos pela delicadeza da decoração e usamos flores comestíveis em vários doces. E todas as embalagens são criações da Giulianna.”, diz Jana.

Com investimento inicial de R$ 1,5 milhão, a empresa fatura mensalmente entre R$ 30 mil e R$ 85 mil. A meta é chegar a R$ 95 mil de faturamento até o final do ano. Para Jana, o comprometimento, a dedicação e o cuidado com o produto são essenciais para alcançar um ótimo resultado. “Trabalhamos com ingredientes da melhor qualidade. Importamos a farinha de amêndoa, usamos chocolate belga em várias receitas, que não leva gordura hidrogenada, e nós mesmos atendemos aos clientes na nossa loja. Precisa disso tudo? Não. Mas se você quer alcançar um ótimo resultado, é preciso dar o máximo de si para os seus clientes”.

2. Mendoá
Criada em 2013, em Ilhéus, na Bahia, estado reconhecido pela plantação de cacau, a empresa investiu desde cedo no setor premium de chocolates brasileiros.

De início, a ideia do administrador Leandro Almeida era que o brasileiro passasse a reconhecer mais o fruto como uma riqueza nacional. “Sempre houve muita valorização do chocolate importado e poucas pessoas reconheciam que o Brasil também poderia proporcionar um chocolate de ótima qualidade, já que o cacau é uma matéria-prima que encontramos aqui”, conta Almeida.

Para valorizar o cacau brasileiro, Almeida decidiu que a melhor forma seria investindo na produção de um chocolate “bean-to-bar”, ou seja, feito da amêndoa à barra na fazenda de cacau. “Nosso resultado final foi um chocolate que além de saboroso é muito saudável. A linha tradicional é livre de glúten, lactose e gordura hidrogenada”, diz Almeida.

A marca participa com estande próprio do Salon Du Chocolat de Paris e continua investindo em linhas que valorizam os ingredientes nacionais. “Estamos lançando uma linha de bombons recheados com maracujá, amendoim e cupuaçu”, diz Almeida.

Nos dois primeiros anos, o investimento inicial foi de R$ 2,5 milhões e, hoje, a empresa fatura R$ 300 mil por mês. A empresa conta com pontos de venda em mais de 10 estados e tem como meta montar quiosques próprios em shoppings e aeroportos do país.

3. Chocolat Du Jour
Consagrada no mercado nacional e reconhecida internacionalmente, a empresa está perto dos seus 30 anos. Fundada em 1987, pela empreendedora Claudia Landmann, 64 anos, a Chocolat Du Jour permanece como uma empresa familiar.

O negócio surgiu pelo desejo de Claudia de se desafiar e investir em algo que sempre gostou. Ela e o marido, John Landmann, 69 anos, sempre foram apreciadores do doce. “Comecei de forma orgânica por uma falta que eu e meu marido sentíamos de um chocolate brasileiro de qualidade”, conta Claudia. “Nossa ideia não era começar um grande negócio ou ter um retorno financeiro, queríamos fazer algo com prazer e que fosse reconhecido”, diz.

Ao longo dos 30 anos de empresa, Claudia diz que o apoio da família e o interesse dos filhos Patrícia e Manoel em fazer parte da sociedade ajudou a manter o padrão dos chocolates. “Investimos muito no processo do cacau. Essa era nossa vantagem sobre o produto europeu: nós tínhamos o fruto fresco aqui. Desde então, tomamos todo o cuidado com o processo do fruto. Hoje, nós compramos o cacau de uma fazenda parceira na Bahia e produzimos os chocolates aqui em São Paulo (SP)”, diz.

A Chocolat Du Jour já recebeu mais de cinco prêmios internacionais, entre eles, dois dedicados ao bombom de caramelo com flor de sal, premiado pela Academy of Chocolate Awards e pela The International Chocolate Awards.

A empresa não abre o faturamento, mas afirma que o foco hoje é, além de estar sempre inovando nas linhas de chocolate da marca, estruturar o novo site e o e-commerce, que deve renovar o conteúdo, a linguagem e a comunicação da empresa. Os produtos, no site da loja, variam de R$ 22 a mais de R$ 600. Fonte: Revista PEGN

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