O contrabando de cacau da Costa do Marfim para a Guiné atingiu proporções alarmantes nos últimos meses, com estimativas apontando para 50.000 toneladas métricas transportadas ilegalmente entre outubro e dezembro de 2024. Esse volume, avaliado em cerca de US$ 573 milhões (R$ 10,72 bilhões) aos preços atuais, tem gerado preocupações entre exportadores e autoridades do setor.
Incentivos ao Contrabando
A principal razão por trás do aumento no contrabando é a diferença significativa de preços. Fontes relatam que contrabandistas estão pagando até 5.000 francos CFA (cerca de R$ 14,37) por quilo, enquanto o preço fixo para exportadores da Costa do Marfim é de 1.800 francos CFA (R$ 3,03) por quilo. Essa discrepância criou um mercado paralelo lucrativo, impulsionado por corrupção e dificuldades econômicas locais.
Rota para o Mercado Asiático
Uma vez na Guiné, o cacau é exportado para países asiáticos como Indonésia e Malásia. Exportadores alertam que essa prática não só desestabiliza o mercado local, mas também aumenta o risco de a Costa do Marfim não cumprir contratos de exportação com destinos europeus, o que pode ter efeitos graves na confiança dos investidores globais.
Impacto no Mercado Global
O mercado global de cacau já está sob pressão devido aos baixos estoques certificados nos Estados Unidos e às condições climáticas adversas em regiões produtoras. Em dezembro, os preços atingiram um recorde de US$ 12.931 por tonelada métrica na bolsa de Nova York, reflexo das preocupações com oferta limitada.
Medidas Governamentais
Em outubro de 2024, o governo da Costa do Marfim anunciou uma série de medidas para conter o contrabando, incluindo a confiscação de produtos envolvidos em operações ilegais, a retirada de passaportes de contrabandistas e a suspensão de carteiras de motoristas. O Conselho de Café e Cacau (CCC), órgão regulador do setor, também declarou estar estudando estratégias adicionais para combater o problema.
O contrabando de cacau representa uma ameaça significativa à economia da Costa do Marfim e ao equilíbrio do mercado global de commodities. Embora medidas estejam sendo tomadas, a resolução do problema exige uma abordagem coordenada entre governo, setor privado e parceiros internacionais. Enquanto isso, as incertezas continuam a impactar os preços e a estabilidade do setor.
Fonte: mercadodocacau com informações heraldlive
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A medida que o mercado legal se beneficia das leis para impor seus preços, é natural que os produtores usem estratégias para valorizar seus produtos. Infelizmente nem tudo que é legal é justo.
Não recomendo a prática.