Contrabando faz gana perder 160.000 toneladas de cacau na safra 2023/24, revela funcionário da cocobod

Em 2023/24, Gana enfrentou uma grave crise no setor cacaueiro, perdendo mais de um terço de sua produção para o contrabando, revelou um alto funcionário do Conselho de Comercialização de Cacau (Cocobod). A combinação de baixos preços locais, atrasos nos pagamentos aos agricultores e uma moeda instável tem levado muitos a venderem suas colheitas para redes de tráfico cada vez mais organizadas, afetando severamente a economia do país.

Segundo Charles Amenyaglo, diretor de serviços especiais da Cocobod, Gana perdeu cerca de 160.000 toneladas de cacau devido ao contrabando, uma quantidade que mais do que triplicou em relação à temporada anterior. A produção até junho alcançou apenas 429.323 toneladas métricas, o que representa menos de 55% da média das temporadas anteriores, levando o país a uma das piores quedas de produção em mais de 20 anos.

Além de Gana, a Costa do Marfim, o maior produtor mundial de cacau, também enfrentou dificuldades com colheitas fracas. O déficit de oferta, que atingiu níveis preocupantes nos últimos quatro anos, contribuiu para a alta dos preços globais de cacau e chocolate. No entanto, enquanto o cacau rende mais na Costa do Marfim e no Togo, onde há uma moeda mais estável e menos regulação, Gana luta para competir no mercado regional.

Redes de Contrabando em Expansão
As redes de contrabando se consolidaram em Gana em 2022, durante uma grave crise econômica e cambial. Amenyaglo relatou que quantidades significativas de cacau estavam sendo transportadas para países vizinhos como Togo, Burkina Faso e Mali, utilizando desde caminhões basculantes até barcos e tambores disfarçados de óleo de palma. Em alguns casos, até caminhões-tanque foram usados, com lacres de “não adulterar” ainda intactos, o que surpreendeu as autoridades.

Apesar dos esforços da força-tarefa anticontrabando, que interceptou cerca de 250 toneladas de cacau – em comparação com apenas 17 toneladas na temporada anterior –, o problema persiste. Para conter o avanço dessas redes, Gana está planejando enviar seus militares para reforçar a luta contra os contrabandistas.

Impactos nos Agricultores
A crise afeta profundamente os agricultores locais, que têm enfrentado atrasos nos pagamentos por parte da Cocobod, devido a problemas com o empréstimo sindicalizado que financia as compras de cacau. Samuel Adimado, presidente do grupo de compradores de cacau de Gana, ressaltou que, sem liquidez suficiente, a Cocobod não consegue combater eficazmente o contrabando, agravando o cenário.

Em resposta, Gana antecipou a abertura da temporada 2024/25, implementando um novo modelo de financiamento e aumentando o preço pago aos produtores em 45%. Os agricultores esperam que essas mudanças ajudem a reduzir o contrabando, mas há preocupações de que o enfraquecimento da moeda corroa o impacto desse aumento nos preços.

Para Charles Amenyaglo, é fundamental garantir que o setor cacaueiro de Gana se fortaleça. “Investimos muito para aumentar a produção de cacau em Gana, não para que os setores de cacau no Togo ou na Costa do Marfim florescessem”, afirmou ele, reforçando a necessidade de ações contundentes para preservar o futuro do setor.

Com a nova temporada em andamento e medidas mais rígidas sendo tomadas, resta saber se Gana conseguirá recuperar o controle de sua produção e retomar sua posição de destaque no mercado global de cacau.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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