Há quase 330 km de Belém, o cacau nativo é usado em doce orgânico.
Mulheres da Ilha de Araparí produzem chocolate livre de glúten e de lactose.
Uma cooperativa de mulheres na cidade de Barcarena, nordeste do Pará, criou um chocolate natural e regional. A receita, desenvolvida em casa e transmitida entre gerações, une sustentabilidade, tecnologia e sofisticação e vem conquistando os restaurantes e chefes de cozinha de Belém.
É na ilha de Araparí, localizada a quase 330 km da capital, que está a matéria prima para esse chocolate diferente. Lá o cacau nunca precisou ser plantado e sempre esteve ao alcance de todos. Inclusive da família Oliveira, na qual as mulheres fazem a colheita do fruto usando ritual e truques próprios. Para alcançar os melhores frutos, que estão no alto das árvores, elas usam uma vara com uma pequena foice na ponta.
Quando os paneiros estão cheios com o cacau, é a hora de voltar e iniciar a produção do chocolate na cooperativa criada por elas e suas vizinhas há dois anos.
Produção
O cacau é quebrado, as amêndoas separadas e colocadas para fermentar em um reservatório de água durante oito dias. Em seguida, o material é transferido para uma barraca onde irá secar por mais uma semana.
Em seguida, as amêndoas são levadas para a casa de uma das cooperadas para serem torradas. Depois, são colocados no pilão até serem transformadas em uma pasta cremosa para ser, então, colocadas em formas. O resultado deste processo é uma barra de chocolate orgânica, sem açúcar e livre de glúten e de lactose.
O cuidado na produção artesanal e a qualidade da amêndoa utilizada permite que essas mulheres produzam um chocolate sofisticado e diferenciado que conta com um maior teor de cacau na mistura.
Parece trabalhoso, não é? Mas elas garantem que a produção ajuda a manter a saúde e até rejuvenesce. Uma das cooperadas, Eliana Pantoja, acredita inclusive que o chocolate tem efeitos afrodisíacos.
O chocolate 100% natural da ilha de Araparí chamou a atenção de um grupo de universitários que ofereceram capacitação e apoio gratuito para que o produto conquistasse o mercado. Hoje, toda a produção é vendida para restaurantes e chefes de cozinha da capital. E essa “mãozinha” era o que a cooperativa precisava para alcançar o sucesso com uma receita da vovó, melhorada pela modernidade e com selo e status de uma delícia 100% do Pará. Fonte: G1 Pará