Costa do Marfim apreende 1.100 toneladas de cacau contrabandeado em meio a queda na produção regional

O Conselho de Café e Cacau (CCC) da Costa do Marfim, órgão regulador do setor, apreendeu 33 caminhões carregados com cerca de 1.100 toneladas de grãos de cacau contrabandeados na fronteira com a Guiné, conforme revelado por duas fontes ligadas ao órgão. O aumento do contrabando reflete um período difícil para os principais produtores da região, após colheitas insatisfatórias tanto na Costa do Marfim quanto em Gana, que juntos representam os maiores fornecedores mundiais de cacau.

O contrabando de cacau tem se intensificado à medida que a produção global sofre uma queda significativa, levando a um déficit de oferta que já atinge o maior nível dos últimos quatro anos. Esse cenário tem impulsionado os preços do cacau e, consequentemente, do chocolate no mercado internacional. O impacto é notável e afeta toda a cadeia de valor, desde os agricultores até os consumidores finais.

Reação da Costa do Marfim e Gana: Aumento nos Preços ao Produtor

Em resposta ao déficit e à instabilidade no mercado, a Costa do Marfim anunciou um aumento de 20% no preço fixo pago aos produtores de cacau, elevando-o para 1.800 francos CFA (equivalente a 3,09 dólares) por quilo para a principal safra da temporada. Esta decisão foi divulgada pelo ministro da Agricultura da Costa do Marfim, Kobenan Kouassi Adjuumani, que destacou que a temporada 2023/24 registrou uma queda de 25% na produção de cacau na África Ocidental, impactando diretamente a economia local.

De forma coordenada, Gana também implementou um aumento significativo nos preços, elevando o valor pago ao produtor em quase 45%, para 48.000 cedis (cerca de 3.043,75 dólares) por tonelada métrica. Essa coordenação entre os dois maiores produtores visa não apenas estabilizar o setor, mas também assegurar uma maior renda para os agricultores, que enfrentam desafios crescentes devido ao déficit de produção e ao aumento do custo de vida.

Medidas Rigorosas e Fiscalização

A apreensão das toneladas de cacau contrabandeado reforça os esforços do governo marfinense para controlar a produção e o fluxo do produto, assegurando a integridade do mercado nacional e evitando perdas significativas em um contexto já desafiador. No mês passado, o CCC anunciou que restringiria o acúmulo de grãos, aplicando sanções rigorosas a compradores e cooperativas que não respeitassem as regras. Essa medida busca conter o mercado paralelo, que afeta negativamente a economia local e prejudica a arrecadação de impostos essenciais para o desenvolvimento do setor.

Impacto no Mercado Global e Desafios para o Futuro

O início da temporada de cacau 2024/25, em 1º de outubro, trouxe sinais preocupantes para o mercado, com uma queda acentuada nas chegadas de cacau aos portos da Costa do Marfim. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, as chegadas de cacau caíram 74%, com apenas 13.000 toneladas registradas até 6 de outubro. Este cenário coloca em alerta o mercado global, que depende da produção da África Ocidental para abastecer indústrias alimentícias ao redor do mundo.

A redução na produção e o aumento dos preços ao produtor visam sustentar o setor e, ao mesmo tempo, garantir a sobrevivência econômica dos agricultores que dependem do cacau como principal fonte de renda. No entanto, o mercado continua vulnerável a fatores externos, como mudanças climáticas e tensões econômicas, que podem influenciar negativamente a produção futura.

Enquanto o combate ao contrabando e o ajuste de preços representam passos importantes para enfrentar os desafios imediatos, é evidente que a Costa do Marfim e Gana precisarão implementar estratégias de longo prazo para fortalecer o setor de cacau, tornando-o mais resiliente e sustentável para as gerações futuras.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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