O Conselho de Café e Cacau (CCC) da Costa do Marfim, o maior produtor mundial de cacau, conseguiu reduzir drasticamente o acúmulo de grãos no mês de setembro, graças a uma repressão rigorosa contra compradores e cooperativas que tentavam armazenar o produto à espera de aumentos nos preços. Fontes do CCC, exportadores e compradores confirmaram à Reuters que essa medida já resultou em um salto significativo nas entregas de grãos nos portos do país.
Nas primeiras três semanas de setembro, as chegadas de grãos de cacau nos principais portos marfinenses de Abidjan e San Pedro ultrapassaram as 50.000 toneladas, um crescimento expressivo em relação às 19.000 toneladas registradas em todo o mês de setembro de 2023. Com isso, o CCC espera encerrar o mês com mais de 65.000 toneladas de grãos entregues.
Esse aumento nas entregas é atípico, uma vez que setembro é geralmente marcado pelo acúmulo de cacau por parte de compradores e cooperativas, especialmente em anos em que há expectativas de aumento do preço garantido ao produtor no início da nova temporada, que começa oficialmente em 1º de outubro.
Repressão e controle de estoques
A estratégia do regulador de intensificar a fiscalização no final da temporada foi decisiva para conter o entesouramento. Em maio, o CCC suspendeu algumas cooperativas envolvidas na prática e, em agosto, emitiu um alerta sobre possíveis sanções a compradores e cooperativas que acumulassem cacau. A partir daí, o órgão lançou uma grande operação de verificação de estoques nas regiões produtoras, enviando centenas de agentes, acompanhados por forças policiais, para fiscalizar as lojas de armazenamento.
“Conseguimos conter o acúmulo de cacau de final de temporada praticado por compradores e cooperativas que tentam lucrar com a expectativa de aumento no preço garantido ao produtor”, declarou uma fonte do CCC.
Essa repressão tornou o armazenamento de cacau muito mais difícil neste ano, apesar da expectativa de que o preço ao produtor aumente em outubro. “O CCC está em toda parte com agentes e gendarmes, o que nos forçou a entregar rapidamente os grãos”, afirmou um comprador de cacau da região de Soubre, no cinturão do cacau, que já entregou todas as 400 toneladas que tinha armazenadas desde o início de setembro.
Impactos na nova temporada
Apesar do sucesso na redução do acúmulo de grãos em setembro, alguns exportadores e especialistas acreditam que essa medida, aliada a uma queda de 25% na produção anual devido a condições climáticas adversas e doenças, pode resultar em uma escassez de grãos no início da temporada 2024-25.
“Nunca vi tanto cacau em setembro em 30 anos”, comentou um diretor de uma exportadora de Abidjan. “Mas isso significa que outubro será pobre em cacau, porque os produtores já colheram tudo e entregaram. Não teremos estoques para começar a nova temporada.”
Com a nova safra prestes a começar e a expectativa de que o preço ao produtor da Costa do Marfim seja igual ou superior ao de Gana — que aumentou seus preços em 45% nesta temporada —, o mercado aguarda com apreensão o impacto dessas medidas no fornecimento e no mercado global de cacau nos próximos meses.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters
1 Comment
Imaginem a cena, produtores e cooperativas sendo obrigadas a vender (ou será entregar) suas amêndoas ao preço que o governo (ditador africano) queira, ou seja, o cara produz e não tem liberdade de nada, isso na base do fuzil ou do facao, se isso não for um roubo ou um confisco, ou melhor mais que mão de obra escrava, na marra da mão grande.
ABSURDO.