Como maior produtor mundial de cacau, a Costa do Marfim enfrenta desafios que afetam tanto sua economia quanto o meio ambiente. Um dos principais problemas é o contrabando de cacau para países vizinhos como Guiné e Libéria, uma prática que tem causado enormes prejuízos financeiros e exacerbado a crise de desmatamento no país.
Em 2023, o país produziu cerca de 2 milhões de toneladas de cacau, representando uma importante fonte de receita para o governo. No entanto, muitos produtores consideram os preços oficiais estabelecidos pelo estado insatisfatórios, preferindo vender suas colheitas para traficantes. Estes, por sua vez, transportam os grãos ilegalmente através da fronteira, onde conseguem preços mais elevados. Somente este ano, 150.000 toneladas de cacau foram contrabandeadas, resultando em uma perda de quase € 400 milhões para o governo marfinense.
O Desafio do Desmatamento
Outro aspecto crítico é o impacto ambiental. O cultivo de cacau é a principal causa de desmatamento na Costa do Marfim. Em apenas 60 anos, o país perdeu 90% de suas florestas, um desastre ambiental que coloca o governo e multinacionais sob crescente pressão internacional.
A União Europeia (UE), que importa uma grande parte do cacau marfinense, já anunciou planos para proibir a importação de cacau que não seja rastreável até o final do ano. Isso está forçando o governo e empresas do setor a aumentar os esforços de monitoramento, removendo agricultores que cultivam em áreas protegidas. Contudo, essa ação tem gerado migração em massa de agricultores para a vizinha Libéria, criando novos problemas ambientais na região.
A Libéria: O Novo ‘Velho Oeste’ do Cacau
Com florestas intocadas e pouca fiscalização, a Libéria tornou-se um refúgio para os agricultores marfinenses. Estima-se que 25.000 agricultores já cruzaram a fronteira, ameaçando destruir 250.000 hectares de floresta virgem em busca de novas terras para o cultivo de cacau. Esses grãos, provenientes de áreas desmatadas, são frequentemente contrabandeados de volta para a Costa do Marfim, dificultando ainda mais a rastreabilidade e o controle das cadeias de produção.
Soluções e Perspectivas
Para enfrentar esses desafios, a Costa do Marfim terá que equilibrar medidas econômicas com políticas ambientais. Aumentar os preços pagos aos agricultores e implementar soluções mais eficazes de rastreamento são passos urgentes para frear o contrabando e a destruição ambiental. Caso contrário, o país corre o risco de ver seu “ouro marrom” manchado por questões que ameaçam tanto sua economia quanto suas florestas.
Enquanto a comunidade internacional e a própria UE pressionam por soluções mais sustentáveis, o futuro do setor de cacau na Costa do Marfim dependerá da capacidade de se adaptar a essas novas demandas e de encontrar um equilíbrio entre lucro e preservação ambiental.
Fonte: mercadodocacau
*com informações france24