A Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, deve anunciar nesta quarta-feira (1º de outubro) um aumento histórico no preço pago ao produtor para a safra principal 2025/26. Segundo fontes ligadas ao Conselho do Café e Cacau (CCC), o governo planeja fixar o valor em 2.500 francos CFA por quilo — o equivalente a US$ 4,50/kg. O reajuste representa uma alta de 39% em relação à temporada anterior e marca o maior preço já pago aos agricultores marfinenses.
A principal safra do país terá início em 1º de outubro e se estenderá até março de 2026, respondendo por mais de 70% da produção total. Ainda assim, analistas projetam uma nova queda nos volumes, o que configuraria o terceiro ano consecutivo de declínio da produção. O cenário adverso é atribuído ao mau tempo e à disseminação da doença do broto inchado, que atinge os cacaueiros e reduz a produtividade.
O movimento de valorização ao produtor segue os passos de Gana, que em agosto anunciou aumento de 4% no preço interno, chegando ao equivalente a US$ 5/kg. Apesar de inferior ao valor praticado pelos ganeses, o ajuste marfinense busca reduzir a pressão social e manter a competitividade dos agricultores frente ao país vizinho.
Uma fonte do CCC afirmou à Reuters:
“Inicialmente pensamos que poderíamos oferecer mais, mas as vendas têm sido mais difíceis nos últimos meses. Ainda assim, é um preço recorde para os produtores.”
Apesar do reajuste, os desafios no comércio internacional permanecem. Dados do setor apontam que o CCC já comprometeu 1,15 milhão de toneladas em contratos de exportação para 2025/26, com base em uma previsão de 1,2 milhão de toneladas. Isso representa queda de 11,5% em relação ao volume contratado na safra passada.
Com os preços internacionais ainda próximos de patamares historicamente elevados e uma oferta global pressionada pela queda da produção na África Ocidental, o anúncio da Costa do Marfim deve repercutir diretamente nas negociações de futuros e nos custos da indústria global de chocolate.
Fonte: mercadodocacau com informações reuters