Costa do Marfim quer processar metade de sua produção de cacau até 2027 e aposta em novas fábricas para impulsionar a industrialização

A Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, deu um passo decisivo rumo à industrialização de sua cadeia produtiva. O país pretende elevar o processamento doméstico para 50% da produção nacional nos próximos dois anos, superando os atuais 42%, segundo anunciou Yves Brahima Kone, diretor-gerente do Conselho de Café e Cacau (CCC), durante a inauguração de uma nova planta de moagem em Abidjan.

A nova unidade, fruto de uma parceria com uma subsidiária da companhia malaia Guan Chong Berhad (GCB), marca a segunda instalação operacional da GCB no país africano. Com capacidade inicial de 50.000 toneladas métricas por ano, a planta deve mais que dobrar esse volume até 2027, alcançando 110.000 toneladas. O complexo industrial também abriga o maior armazém de cacau em operação no país, com capacidade para estocar 150.000 toneladas de sacas.

“A industrialização é essencial para transformar a economia do país e agregar valor à nossa principal matéria-prima”, afirmou Kone. “Para acelerar esse processo, estamos investindo diretamente no setor e assumindo riscos que encorajam também o investimento privado.”

Atualmente, a Costa do Marfim processa cerca de 750.000 toneladas por ano — 42% de sua produção estimada — e já possui capacidade instalada de moagem de mais de 1,06 milhão de toneladas. Segundo Kone, esse volume supera a meta de 50% de processamento e mostra o compromisso do governo em transformar o perfil da indústria cacaueira.

Além da nova planta em Abidjan, outras cinco fábricas estão em fase de construção, com previsão de entrada em operação até 2027. A unidade de San Pedro, um dos principais portos de exportação do país, também receberá investimentos para dobrar sua capacidade de moagem, chegando a 100.000 toneladas anuais, com capacidade de estocagem igual à de Abidjan.

Com as expansões previstas, a estatal Transcao — braço regulador e operacional do setor — terá uma capacidade total de moagem de 210.000 toneladas, além de armazenar até 300.000 toneladas de grãos, fortalecendo a infraestrutura logística e industrial do país.

A aposta da Costa do Marfim em agregar valor ao cacau é estratégica. Historicamente, o país exporta a maior parte de sua produção como amêndoas in natura, limitando os ganhos econômicos locais. Ao aumentar o processamento doméstico, o país não apenas gera empregos e tecnologia, mas também se posiciona de forma mais competitiva no mercado global de produtos semiacabados e acabados de cacau — como licor, manteiga e pó.

A nova política industrial se insere em um contexto de transformação na cadeia global do cacau, que enfrenta exigências regulatórias mais rígidas, como a nova Lei Antidesmatamento da União Europeia, e crescente demanda por rastreabilidade e sustentabilidade. Nesse ambiente, a capacidade de processar internamente e garantir o controle de origem pode se tornar uma vantagem comercial significativa.

Com infraestrutura reforçada e um plano estratégico de expansão, a Costa do Marfim caminha para deixar de ser apenas um gigante agrícola e assumir protagonismo também na indústria global do chocolate.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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