Costa do Marfim reduz exportações diante de crise do cacau

A Costa do Marfim, maior produtora mundial de cacau, enfrenta um segundo ano consecutivo de declínio na produção e, como resposta, reduzirá a quantidade de cacau vendido nos mercados internacionais a partir da próxima safra. Segundo fontes regulatórias, o país limitará as vendas de contratos para 1,3 milhão de toneladas métricas na temporada de 2025/26, uma queda significativa em relação aos 1,7 milhão de toneladas vendidos anteriormente.

A decisão reflete um cenário preocupante no setor. Nas últimas temporadas, a produção caiu de 2,3 milhões de toneladas (2022/2023) para aproximadamente 1,75 milhão de toneladas, nível estimado também para 2024/2025. Especialistas do Conselho de Café e Cacau (CCC) afirmam que a redução contínua na produção não é apenas uma oscilação cíclica, mas uma tendência estrutural.

Fatores como mudanças climáticas, envelhecimento das plantações e a disseminação da doença do broto inchado impactam severamente a produção. Essa doença viral, sem tratamento conhecido, já atingiu cerca de metade das plantações de cacau do país, comprometendo a produtividade. Além disso, chuvas irregulares e períodos prolongados de seca têm agravado ainda mais a situação.

A safra principal da Costa do Marfim, que ocorre entre outubro e março, costuma render cerca de 1,7 milhão de toneladas, enquanto a safra intermediária adiciona aproximadamente meio milhão de toneladas ao total. No entanto, análises recentes indicam que a produção pode permanecer abaixo do nível médio por vários anos.

Diante desse cenário, o CCC optou por adotar uma abordagem mais conservadora. “Não queremos correr riscos. É por isso que decidimos nos limitar a 1,3 milhão de toneladas de vendas de contratos de exportação”, disse uma fonte do conselho.

A longo prazo, a recuperação da produção pode depender da renovação das plantações com novas sementes, uma vez que aproximadamente 70% dos cacaueiros do país estão envelhecidos e mais vulneráveis a doenças e mudanças climáticas. Para os próximos meses, as condições meteorológicas entre abril e junho serão cruciais para determinar o desempenho da próxima colheita.

Com essa redução na oferta, o mercado global de cacau pode enfrentar aumentos nos preços, impactando diretamente a indústria de chocolate e os consumidores finais. Resta saber como as empresas do setor irão se adaptar a essa nova realidade e quais serão os impactos para os produtores locais e para a economia marfinense.

Fonte: mercadodocacau com informações reuters

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