A Climate Fund Managers BV (CFM), gestora de investimentos com foco climático, e a Société Des Energies Nouvelles (SODEN), produtora independente de energia (IPP), assinaram um acordo para co-desenvolver uma usina inovadora de transformação de resíduos de cacau em energia na Costa do Marfim. Batizado de Projeto de Biomassa, o empreendimento terá capacidade instalada de 76 MW e será a primeira usina de biomassa de cacau conectada à rede elétrica em escala industrial no mundo.
Segundo a CFM, a usina utilizará 600 mil toneladas de resíduos agrícolas provenientes da produção de cacau para gerar cerca de 550 GWh de energia renovável por ano — o suficiente para abastecer 1,4 milhão de pessoas. O projeto também trará impactos socioeconômicos significativos: 36 mil produtores de cacau deverão receber renda adicional, aproveitando resíduos antes descartados, como cascas de vagens e de grãos de cacau.
“A cada ano, a produção de cacau deixa para trás milhões de toneladas de resíduos que não são utilizados e não fornecem valor econômico aos agricultores. Ao aproveitar esse recurso inexplorado para gerar energia limpa e confiável, estamos transformando um desafio nacional em uma oportunidade de crescimento sustentável, prosperidade rural e um sistema de energia mais resiliente”, destacou Yapi Ogou, CEO da SODEN.
A Costa do Marfim é o maior produtor mundial de cacau, responsável por mais de 45% da oferta global. Cada tonelada colhida gera mais de 13 toneladas de resíduos orgânicos, que agora poderão ser convertidos em eletricidade limpa e sustentável.
O projeto foi iniciado em 2016 e entra agora em uma nova fase como parceria público-privada. As empresas estão em processo de negociação de um contrato de concessão com o governo marfinense, etapa que deverá ser concluída em breve.
Para impulsionar essa etapa, a CFM assinou um acordo de financiamento de desenvolvimento com a SODEN e comprometeu-se a investir US$ 3 milhões (cerca de €2,6 milhões). Os recursos serão aplicados em atividades preparatórias, incluindo engenharia, licenciamento, estudos ambientais e sociais, além da negociação de um contrato de compra de energia de longo prazo com o governo.
Está previsto ainda que o Fundo de Capital de Construção do Climate Investor Two (CI2), apoiado pela União Europeia e gerido pela CFM, disponibilize até US$ 35 milhões em capital próprio no fechamento financeiro do projeto, estimado para o próximo ano.
O Projeto de Biomassa representa um marco na interseção entre inovação energética, sustentabilidade agrícola e desenvolvimento econômico rural — e poderá se tornar um modelo para outros países produtores de cacau e biomassa ao redor do mundo.