Crise fiscal nos EUA pressiona o dólar e contribui para queda expressiva no preço do cacau

Por: Claudemir Zafalon

Washington sob os holofotes enquanto mercado agrícola global reage a incertezas econômicas e movimentos cambiais

Todos os olhos estão voltados para Washington nesta semana, onde os senadores republicanos travam uma maratona legislativa conhecida como “vote-a-rama”, na tentativa de aprovar um polêmico pacote de corte de impostos e gastos. O projeto, que pode adicionar trilhões de dólares à já inflada dívida pública dos EUA, acendeu alertas entre investidores globais, intensificando a pressão sobre o dólar americano.

A divisa norte-americana caiu para os níveis mais baixos frente ao euro em quase quatro anos, refletindo o nervosismo do mercado quanto à sustentabilidade fiscal dos Estados Unidos. No entanto, essa fragilidade cambial não foi suficiente para impedir a forte retração nos mercados agrícolas. Na manhã desta terça-feira, o cacau lidera as perdas, com recuo superior a 5%, influenciado por fatores técnicos e fundamentos externos.

Entre os fundamentos, destaca-se a decisão do governo de Gana — segundo maior produtor mundial de cacau — de aumentar ligeiramente o preço pago aos agricultores na próxima temporada. A medida vem após a valorização de 42% da moeda local frente ao dólar em 2025, o que reforça a competitividade do setor agrícola ganês e pressiona os contratos internacionais da amêndoa.

No pregão de ontem, o contrato de setembro oscilou entre a mínima de US$ 8.796 e a máxima de US$ 9.088, encerrando o dia a US$ 9.000 por tonelada, com alta de US$ 79. Foram negociados 6.553 contratos, com volume total de 12.819 contratos e interesse em aberto estável em 88.671 contratos.

Os estoques certificados nos portos dos EUA, monitorados pela ICE, registraram acréscimo de 9.501 sacas e somam agora 2.324.662 sacas. Não foram reportadas entregas físicas no dia, mantendo o acumulado da temporada em 732 contratos.

No mercado cambial, o contrato de real/dólar com vencimento em 31 de julho fechou na última sessão cotado a R$ 5,47 e opera na manhã desta terça-feira a R$ 5,455, em um ambiente também influenciado por fluxos externos e expectativas fiscais.

O cenário segue volátil, com investidores atentos à tramitação da proposta fiscal americana e aos desdobramentos da política agrícola em países-chave como Gana. O mercado de cacau, altamente sensível a variações cambiais e políticas de preços locais, permanece vulnerável a novas correções nas próximas sessões.

Fonte: mercadodocacau

Curtiu esse post? Compartilhe com os amigos!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *