A dependência pela importação de fertilizantes vem se mostrando perigosa, principalmente após o início da guerra na Ucrânia em 2021, quando a Rússia, um dos maiores parceiros e responsável por 23% das importações de fertilizantes utilizados nas lavouras brasileiras, diminuiu a remessa e levantou um sinal vermelho, apesar do recorde recente da safra de julho.
Diante disso, o governo federal criou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), política pública que promete trazer medidas para os próximos 28 anos que visam incentivar a produção nacional e, consequentemente, diminuir a vulnerabilidade brasileira.
Para Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, uma das maiores indústrias de fertilizantes do país, o estímulo da produção nacional só irá trazer ganhos para a economia brasileira.
“Se mantivermos o ritmo de investimentos e aprimoramento de técnicas agrícolas com desenvolvimento tecnológico, recordes serão batidos. Isso consolida a posição de destaque do Brasil no mercado global de produção de alimentos e segurança alimentar”, analisa o especialista.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, alimentos como soja, milho e cana-de-açúcar, por exemplo, que neste ano obtiveram bons desempenhos respondem por mais de 73% do consumo de fertilizantes no país.
A Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) revelou que mais de 70% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira são importados, sendo as maiores dependências externas do país o cloreto de potássio (95%), nitrogênio (80%) e fosfato (60%).
O cenário fica ainda mais preocupante com a nova expectativa da demanda do Brasil pela importação de fertilizantes, que pode crescer aproximadamente 20% até 2030, como destacado por Bruno Fonseca analista de pesquisa e análise setorial para o mercado de insumos do Rabobank Brasil, durante o Congresso Nacional de Fertilizantes – que ocorreu em agosto.
O crescimento não é apenas local, conforme destacado por Fonseca, há uma necessidade crescente mundial por fertilizantes, com a demanda global podendo crescer entre 15% e 20% frente a produção de grãos em alta.
A influência de commodities agrícolas
A queda nos preços das commodities agrícolas pode impactar de maneira negativa a exportação do agronegócio ao tornar o produto nacional menos competitivo, já que grande parte do custo da produção deriva do preço do fertilizante importado.
Essa queda de competitividade traz outra consequência que é a possível queda do PIB do país, um cenário preocupante, pois é suscetível a atuação das commodities agrícolas já que o agronegócio é um dos principais setores que mais influenciam a economia. Estima-se que a participação deste ano seja de aproximadamente 24,5% neste ano.
O Plano Nacional de Fertilizantes
Dessa forma, o Plano Nacional de Fertilizantes pode ser uma saída, uma vez que a política estimula a pesquisa e exploração de fontes minerais brasileiras, além de criar geração de empregos e promoção de oportunidades para a indústria nacional de fertilizantes.
Leonardo ressalta que esse incentivo também auxiliará a queda nos preços dos alimentos auxiliando os investimentos dos produtores, já que a produção de alimentos também será beneficiada.
“Com a deflação, observamos uma retomada significativa do setor, sendo que o maior beneficiado será o produtor rural com seu custo de produção mais eficiente, oferecendo alimentos mais baratos”, afirma Sodré.
Durante o Congresso Nacional de Fertilizantes, o diretor de Desenvolvimento da Indústria de Insumos e Materiais Intermediário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Carlos Leonardo Durans, reforçou o lançamento do programa em novembro.
O diretor também mencionou na reunião, que outras medidas estão sendo tomadas pelo atual governo, entre elas a priorização da agenda de gás natural e aprovação do decreto que regulamenta as contrapartidas para o retorno das isenções fiscais prevista do Regime Especial da Indústria Química (Reiq), que afetam o setor.
Fonte:Canal Rural