Os preços dos ovos de Páscoa aumentaram até 20% este ano na Região Metropolitana de Belém em relação ao ano passado, segundo o Dieese-PA, que aponta também variação de 40% entre os estabelecimentos que vendem o produto. A elevação do dólar em relação ao real está na raiz do reajuste, uma vez que o cacau, matéria-prima do chocolate, é comercializado em grande escala no mercado internacional e cotado, portanto, na moeda norte-americana. A 20 dias do domingo de Páscoa, o movimento ainda não atingiu os patamares esperados nas lojas e supermercados.
Os reajustes dos produtos de chocolate estão bem acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), estimada em 7,50% para os últimos doze meses. Segundo aponta o supervisor técnico do Dieese-PA, Roberto Sena, os aumentos não foram uniformes e superam os 20% em relação à Páscoa do ano passado, dependendo da marca, do local de venda, do tipo e tamanho. “É provável que o comércio faça promoções. Se isso ocorrer, haverá um maior equilíbrio de preço”, avalia Sena, ao recomendar pesquisa ao consumidor. “As diferenças de preços, entre os vários locais de comercialização, são muito grandes, podendo chegar a 40%”, calcula.
A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab) informa que, nesta Páscoa, o mercado receberá aproximadamente 150 novos tipos de ovos de chocolate. “O Brasil está entre os três maiores produtores e consumidores mundiais de ovos de Páscoa”, afirma Sena, ao lembrar que no ano passado a indústria de chocolate produziu cerca de 20,2 mil toneladas ou cerca de 100,2 milhões de ovos de Páscoa. “Para a Páscoa deste ano, a Abicab prevê uma produção praticamente na mesma magnitude do ano passado, com distribuição em aproximadamente 1 milhão de pontos de comercialização em todo o Brasil”, afirma.
PESQUISA
As grandes marcas continuam entre as mais procuradas e oferecem o menor chocolate (45g) a R$ 5,88. Já o maior e mais caro entre as marcas pesquisadas pesa 1 kg e custa R$ 77,86, com preços entre R$ 75,72 e R$ 79,99. “Houve uma visível diminuição no peso dos ovos de Páscoa este ano, bem como um aumento expressivo nas quantidades de ovos ao público infantil”, explica Sena. O presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), José Oliveira, aponta redução no volume disponibilizado ao mercado. “A produção foi menor porque a economia dá sinais de estagnação, ou seja, teremos uma venda de 10% a 15% menor este ano, comparado ao ano passado”, avalia. Ele destaca que os produtos de menor peso e das marcas menos tradicionais deverão faltar no mercado nos últimos dias antes da Páscoa.
O militar Leomar Lamir,40 aos, aproveitou o movimento tranquilo para escolher o chocolate da filha, Maria Isabel, 3 anos. “Não costumo comprar em grande quantidade, apenas para meus três filhos e sobrinhos. Agora, é evidente que sentimos um impacto nos preços”, diz Lamir, que pretende fazer em casa alguns ovos de chocolate, deixando para comprar nos supermercados o mínimo. “Vamos buscar os tamanhos melhores e as marcas menos tradicionais, com certeza”, aponta. A alta nos preços é decorrência da desvalorização do real frente ao dólar, aponta o presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Papespa), Eduardo Costa. É reflexo do comportamento da economia norte-americana, que vem de um cenário de crescimento econômico e expansão dos gastos públicos, redução da taxa de juros para zero, sendo que, no Brasil, o cenário é inverso, já que o estado brasileiro não pode mais aumentar os gastos, e a política monetária é conservadora”, revela. Ele ressalta que os produtos nacionais também sofreram reajuste, já que muitos insumos da indústria brasileira, além de serem importados, tiveram maior impacto no custo de produção, dada a elevação dos preços controlados, como é o caso da energia elétrica e dos combustíveis. Fonte: Ormnews