Apesar dos desafios enfrentados no mercado global de cacau, o Brasil segue em busca de retomar o protagonismo na produção do insumo, com alto potencial em Minas Gerais. Além do desenvolvimento do fruto, empresas mineiras que atuam na cadeia produtiva, como a Fralía Cacau Brasil, também projetam avanços.
Em apenas sete anos, a marca, com sede em Belo Horizonte, saltou de R$ 5 milhões para R$ 60 milhões em faturamento, processando e comercializando derivados de cacau para outras empresas. Os bons resultados levaram a empresa a dar sequência às ações voltadas para ampliação da capacidade produtiva, além do desenvolvimento estratégico do negócio.
Até 2026, a marca projeta mais do que dobrar o espaço utilizado na fábrica de derivados de cacau em São Gonçalo do Rio Abaixo, a 90 quilômetros de Belo Horizonte. As informações foram divulgadas pelo CEO da Fralía, Matheus Reis, em entrevista ao Diário do Comércio.
Segundo ele, ao todo, serão investidos R$ 15 milhões para a expansão do espaço. A área utilizável passará dos atuais 3 mil para 7 mil metros quadrados, aumentando o potencial de processamento do cacau.
“Hoje processamos 350 toneladas por mês. Projetamos avançar para 700 toneladas até o final de 2025 e 1.000 toneladas até o final de 2026, quando concluirmos a ampliação”, revela o CEO.
Empresa compra 100% do cacau produzido em Minas Gerais
Dividido em três principais eixos (industrial, manteigas e confeitaria), a Fralía disponibiliza às empresas diferentes variedades de amêndoas de cacau, separadas pelas qualidades tradicional, gold e imperial. Além disso, a marca também fabrica manteiga de cacau e chocolate em pó em fracionamentos voltados para panificadoras e chocolatarias.
A matéria-prima para a produção desses insumos é adquirida de produtores do Norte do Espírito Santo, Sul da Bahia, além do Norte de Minas Gerais – uma das mais promissoras regiões não-tradicionais de cultivo no País.
Segundo Reis, hoje a Fralía adquire 100% do cacau produzido no Norte de Minas e está otimista que a região possa avançar ainda mais no cultivo.
Foco de expansões está no mercado mineiro e internacional
Em relação às vendas, Reis afirma que 50% estão concentradas em São Paulo, seguido de Minas Gerais, com cerca de 20%. A expansão, segundo ele, surge também para avançar a participação da empresa em terras mineiras.
“Hoje em Minas, uma das aplicações mais difíceis para o cacau é no segmento de lácteos e sorvetes. É adentrando neste setor que vai nos permitir crescer por aqui”, pontua.
Para além de Minas Gerais e do Brasil, a Fralía Cacau também exporta produtos para Argentina, Peru e África do Sul. Os envios internacionais, hoje responsáveis por cerca de 15% das vendas, pretendem chegar a 30% nos próximos cinco anos.
Um dos fatores citados por Matheus Reis que certamente foram decisivos para esses avanços está na adoção de ações voltadas para digitalização de processos e marketing 4.0.
“Tudo isso é fruto de um processo de inovação muito forte. Sempre tivemos a tecnologia presente na empresa, nosso marketing é integrado e todo o processo comercial é feito de forma digital, atendendo o Brasil inteiro e o exterior”, ressalta.
Encerrando dentro da previsão de R$ 60 milhões em faturamento neste ano, a Fralía Cacau pretende ultrapassar 100% de crescimento no comparativo anual. “Nos primeiros meses de 2024, já atingimos o valor que levamos o ano passado inteiro para conquistar”, comemora o CEO.
Avanços em gestão passam pela criação do conselho consultivo
Com foco em avançar na governança, recentemente a Fralía Cacau divulgou a criação de seu primeiro Conselho Consultivo. A proposta, segundo Matheus Reis sempre foi profissionalizar o negócio. “A criação do conselho consultivo é um primeiro passo para que, a longo prazo, ele se transforme em um conselho administrativo”, conta.
O presidente do Conselho, Julio Damião, destaca que o grupo será responsável por auxiliar a empresa na tomada de decisões em termos de oportunidades no Brasil e no mundo, além do auxílio nas demais áreas, como finanças e industrial.
“Meu papel é garantir que todos os membros estejam alinhados com os papeis da empresa para que haja o melhor resultado de forma sustentável. Esse é um movimento crescente dentro das empresas”, pontua Damião.
Fonte: diariodocomercio