Por: Claudemir Zafalon
A pressão causada pela escassez de cacau continua a influenciar o mercado global, mantendo os preços firmes nas sessões que antecedem as entregas. A situação se agrava pelo fato de os estoques certificados nos armazéns da ICE (Intercontinental Exchange) terem atingido o nível mais baixo em 7 anos e meio, com apenas 2.685.926 sacas disponíveis.
Na última semana, o contrato de dezembro registrou uma alta expressiva de 7,2%, rompendo as máximas alcançadas em julho. Traders seguem de perto as projeções para a próxima safra principal, que se inicia em outubro, nas regiões da África Ocidental, onde se concentra a maior produção mundial de cacau.
Riscos Climáticos e Desafios na Produção
As perspectivas para a próxima safra estão longe de serem otimistas. A África Ocidental, especialmente na Costa do Marfim, enfrenta uma série de desafios que podem comprometer a produção. Entre eles estão os riscos climáticos, como chuvas irregulares e temperaturas abaixo do ideal, além de problemas estruturais que afetam os agricultores locais, como falta de financiamento, envelhecimento das árvores, a nova Lei do Desmatamento e questões sociais como o trabalho infantil.
Na última semana, chuvas acima da média foram registradas em várias regiões produtoras, o que, por um lado, favorece o desenvolvimento das safras. Por outro lado, a queda nas temperaturas, que variaram de 23,8 a 26,5 graus Celsius na Costa do Marfim, preocupa os produtores. Se essa tendência de frio persistir, o desenvolvimento completo das vagens poderá ser prejudicado, assim como o processo de secagem, essencial no início da colheita.
Impacto Regional e Projeções
Em regiões como o centro-oeste de Daloa e nas áreas centrais de Yamoussoukro e Bongouanou, as chuvas superaram as expectativas, e agricultores locais expressaram otimismo. Eles acreditam que a combinação de chuvas e períodos de sol em setembro e outubro poderá estender a duração da safra principal, diferentemente do que foi observado no ano passado.
Ainda assim, a incerteza prevalece no mercado. Com estoques em queda e uma safra cercada de desafios, as previsões apontam para a manutenção de preços historicamente elevados no curto e médio prazo. A atenção se volta agora para as condições climáticas e as políticas que possam afetar a produção nos próximos meses, com os olhos do mercado fixos no desenrolar da safra africana.
Fonte: mercadodocacau