Comerciantes de cacau ou repassadores, como são conhecidos, reclamam que estão sendo discriminados pelas moageiras.
Composta em mais de 150 participantes em todo território nacional e responsáveis por mais de 70% de todo suprimento de cacau entregue para as processadoras nacionais, os intermediários repudiam as mudanças nas práticas comerciais impostas pelas moageiras. Dentre elas, a imposição fixar o cacau entregue à ordem, em curtíssimo prazo. “Anteriormente, os prazos eram ilimitados, porém, com os excedentes de entradas da safra interna e das importações africanas demasiadas, gerou um super estoque interno, trazendo o conforto necessário nos suprimentos, possibilitando-os achatar as nossas margens de comercialização.” Comentou um grande comerciante, o qual, não quis se identificar. Um outro comerciante, comenta que já não existe mais uma política de preços condizente com os custos operacionais e tributários da cadeia. Ressalta que, recebe atualmente os mesmos valores pagos aos produtores.
Suspensão temporária de recebimentos
Segundo os repassadores, os recebimentos atualmente, estão suspensos em duas das três processadoras. Reforçam, que a única que continua recendo volumes, somente disponibiliza através de um agendamento, o qual pode durar mais de 30 dias, em fila de espera. Essa condição implica em elevar os estoques nos armazéns dos repassadores, os quais, na grande maioria, alegam não possuir a mínima estrutura. Importante lembrar, que as medidas poderão respingar em cascata em estoques nas fazendas, as quais, vivem no caos da insegurança, possibilitando acarretar sérios prejuízos para os agricultores regionais. Coincidentemente, os maiores volumes de vendas de fazendeiros e meeiros, ocorrem próximo do período natalino.
Nas principais praças da região cacau norte da Bahia, 90% das vendas de produtores, são realizadas para repassadores. No momento a grande maioria da categoria se encontre descapitalizada ou sem condições de armazenagem, provocando uma seríssima crise de liquidez, jamais observada no setor. Segundo fontes seguras, diversos produtores estão implorando aos compradores para desovar a produção.
Indústrias reagem alegando que atravessadores resistem por alinhamento sustentável
As moageiras, através da Diretora Executiva da AIPC- Associação das Indústrias processadoras, Anna Paula Losi, comentou para redação do MC: “Conversei com as três empresas e não existem restrições de compra, mas uma preferência, em razão de questões de sustentabilidade e de política de compras de cada empresa, de preferência por compra direto do produtor. No entanto para comprarmos dos produtores eles precisam estar formalizados, pois as empresas não podem comprar de informais. É importante que os produtores entendam e se mobilizem em direção dessa formalização, pois cada vez mais essa será uma necessidade para todos. Com certeza o produtor que vende direto para a indústria não está tendo problemas.
Não posso falar pelos intermediários, mas com certeza eles também têm as políticas de compra e venda deles e não é tão simples como estão passando para os produtores.
Não existe Cartel! Isso é importante ficar claro. Tanto não existe que cada empresa tem uma política de compra própria, e eu não tenho gestão e nem informação sobre isso. As pessoas não entendem o que significa o drawback. Eu estou tentando esclarecer esse assunto, mas é difícil, pois as pessoas politizam um assunto técnico. As pessoas precisam entender que drawback não é uma política para o cacau. É uma política industrial do Brasil. “
Ameaça de paralização do setor
Com o comprometimento da logística nas indústrias, os comerciantes alegam que estão a caminho de uma estagnação do setor, visto, ao sério comprometimento de fluxo de caixa, a que estão sendo submetidos. Enfatizam que, os recebimentos de valores nas operações comerciais com as indústrias, são associadas a uma entrega antecipada de produtos. Outro fato relevante, se refere curta extensão do mercado, ficando os comerciantes atrelados quase que exclusivamente nas vendas, somente para as três companhias multinacionais processadoras.
Fonte: mercadodocacau