Estudo destaca papel da IG Sul da Bahia na qualidade do cacau produzido no estado

Na pesquisa foram comparadas características do cacau de qualidade superior padrão IG Sul da Bahia da safra principal de 2018 e da safra temporã de 2019.

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Desenvolvimento (BJD), editada pela Revista Brasileira de Periódicos e Editora Ltda., na edição de fevereiro (a mais recente), aponta que o selo de Indicação Geográfica (IG) Sul da Bahia contribui para manter o padrão de qualidade do cacau produzido no sul do estado.

O estudo, realizado no Programa de Pós Graduação em Engenharia de Alimentos com Ênfase em Cacau e Chocolate do IFBaiano (Campus Uruçuca) tem o título “Influência do período de colheita na qualidade do cacau da Indicação Geográfica Sul da Bahia”, e difunde conhecimentos sobre as diferentes características do cacau da região.

Na pesquisa, de autoria do agrônomo Cristiano Sant´Ana, diretor executivo da IG Cacau, para obtenção do título de especialista em Cacau e Chocolate, foram comparadas as características do cacau de qualidade superior padrão IG Sul da Bahia entre a safra principal de 2018 e a safra temporã de 2019.

De acordo com Sant’Ana, na safra temporã foram observados maiores valores no percentual de amêndoas brancas, com diferença significativa em relação aos períodos de colheita principal, nos lotes de cacau de qualidade superior/IG Sul da Bahia.

Esse fato, observa o pesquisador, serve de base para novos estudos que detalhem mais profundamente os motivos desses resultados e possam servir de embasamento técnico na solicitação para reconhecimento de uma Denominação de Origem para o Sul da Bahia.

De acordo com a Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, Denominação de Origem é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

No caso da amêndoa com o selo IG Cacau do sul da Bahia, estudos com amplitude maior de dados deverão ser realizados para delimitação da área geográfica que este fenômeno ocorre, com a finalidade da futura separação das safras em Safra 20xx.1 ou Temporã e Safra 20xx.2 ou ainda Principal nas sacas e no produto final, como acontece no vinho por exemplo, o que pode gerar maior agregação de valor ao cacau da região.

Cristiano Sant´Ana disse que “nossa região é única, com grande remanescentes de Mata Atlântica, fundamentais para o cultivo de cacau e esse estudo traz a comprovação da especificidade do Terroir Sul da Bahia, traduzido pelo cacau Catongo”.

Esse tipo de cacau é uma mutação natural ocorrida na espécie Theobroma Cacao que confere a esse tipo de cacau amêndoas de coloração interna branca, e pela safra temporã, que pode possuir qualidade especial na manteiga de cacau e nos chocolates feitos com nossas amêndoas.

Segundo Sant’Ana, essas características não foram comprovadas cientificamente até agora em nenhuma região produtora do Brasil.

O estudo teve a orientação de Ivan Pereira, engenheiro de alimentos e professor do IFBaiano, e coordenação de Adriana Reis, gerente de Qualidade do Centro de Inovação do Cacau-CIC, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

Ivan Pereira disse que “os resultados obtidos dessa ação nos mostrou como é importante a união das instituições para contribuir com a marca IG Sul Bahia e, consequentemente, para valorização do nosso principal produto regional”.

Para Adriana Reis, “essa pesquisa é muito importante para que a gente possa validar e referendar o cacau do Sul da Bahia como uma origem especial, com grande potencial para o mercado de qualidade”.

“Ela cria uma base para reconhecimento da qualidade físico-quimico e sensorial das amêndoas de cacau produzidas na região, com Indicação Geográfica Cacau Sul da Bahia, para num futuro próximo obter junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a denominação de cacau de origem, com um terroir específico e atraente”, declarou Adriana.

“Estamos vivendo um momento que necessitamos de pesquisas que demonstrem as características de qualidade do nosso cacau. É importante destacar que os chocolates de origem estão seguindo uma tendência de colocar a safra na embalagem, já que as condições ambientais têm um impacto muito grande e cada safra tem diferentes especificidades de aroma e sabor, a exemplo do que acontece com o vinho. Isso é essencial para conquistar o consumidor de chocolates finos”.

A IG Cacau Sul da Bahia é uma federação formada por 17 instituições representativas com um total de 3.120 associados, e desenvolve parcerias com o IFBaiano, Centro de Inovação do Cacau (CIC), universidades estaduais (UESC e UESB) e federais (UFBA), além do Sebrae, Instituto Arapyau, Senar, dentre outras, capacitando produtores com foco na produção de cacau de qualidade e na sustentabilidade.

O portifólio de projetos e as parcerias com empresas do setor Cacau-Chocolate, consolidadas por meio da especialização em ciência e tecnologia com ênfase em cacau e chocolate, vêm apresentando resultados importantes, como os obtidos nessa pesquisa, que foi realizada em parceria com a Associação Cacau Sul Bahia, CIC e UESB.

O Brasil vem se destacando como produtor, já reconhecido pela Organização Internacional do Cacau- (ICCO, sigla em inglês) como um país que exporta 100% de cacau fino.

A certificação que dá status diferenciado para países que exportam cacau fino e de aroma é feita desde 1972 pela ICCO. A aprovação brasileira foi impulsionada pelo trabalho da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) no desenvolvimento de um dossiê técnico com informações sobre o cacau do Brasil. Fonte: Canal Rural

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