O Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR) surgiu como uma proposta robusta para combater o desmatamento global e promover práticas agrícolas mais sustentáveis. Embora a proposta de adiamento por 12 meses tenha gerado debates intensos, o principal objetivo do EUDR é claro: restringir a entrada de produtos ligados ao desmatamento nos mercados da UE. Produtos como cacau da África Ocidental, óleo de palma da Indonésia, borracha da China e café da Amazônia, que fazem parte da cadeia de consumo europeia, seriam afetados pelas novas regras.
Jack Hurd, Diretor Executivo da Tropical Forest Alliance no Fórum Econômico Mundial, reconhece que o EUDR busca resolver um problema inegável. A mudança no uso da terra, muitas vezes associada à expansão agrícola, é responsável por cerca de 23% das emissões globais de CO2. Este fenômeno é um dos principais motores do desmatamento e da perda de biodiversidade, exigindo mudanças urgentes nas práticas de produção e comercialização de produtos agrícolas.
O grande debate gira em torno de como a implementação do EUDR pode beneficiar não apenas o meio ambiente, mas também os produtores agrícolas, especialmente nos países em desenvolvimento. Hurd sugere que, se bem estruturado, o regulamento pode funcionar de forma semelhante à “transição justa” do setor de combustíveis fósseis, onde políticas públicas ajudam os trabalhadores e empresas a se adaptarem a um futuro mais sustentável. No caso do EUDR, uma política eficaz poderia incentivar o investimento do setor privado e estimular a adoção de práticas mais verdes no setor agrícola global.
Um dos maiores desafios, no entanto, está na execução dessas políticas. Se implementadas de maneira isolada ou mal concebidas, essas regulamentações podem levar à segmentação de mercado. Produtos que facilmente atendem aos requisitos do EUDR seriam destinados à UE, enquanto aqueles que enfrentam dificuldades de conformidade seriam desviados para mercados com regulações menos rigorosas. Isso não resolveria o problema global, apenas o realocaria.
O EUDR oferece uma oportunidade de avançar em direção a um futuro mais sustentável e com menor impacto ambiental, mas exige uma coordenação global cuidadosa. Para garantir que as regras funcionem como esperado, será necessário um esforço conjunto entre governos, setor privado e agricultores. Apenas assim será possível proteger de forma efetiva a natureza e a biodiversidade sem prejudicar a economia dos países produtores.
Fonte: mercadodocacau com informações context.news