Os exportadores e agricultores de cacau na Nigéria estão em uma corrida contra o tempo para atender a uma nova regulamentação imposta pela União Europeia (UE) que entrará em vigor em dezembro de 2024. A medida afeta diretamente cerca de 270.000 toneladas de grãos de cacau, avaliadas em US$ 2,12 bilhões, um desafio significativo para o setor agrícola do país.
Valorização e Desafios Econômicos
O mercado de cacau está enfrentando uma valorização significativa. Em janeiro de 2024, uma tonelada de cacau na Nigéria estava avaliada em N1,8 milhão, enquanto atualmente é avaliada em N11,2 milhões por tonelada. No mercado global, a tonelada está cotada a US$ 10.150. Esta escalada de preços é atribuída a um déficit global de 700.000 toneladas, avaliado em US$ 7,1 bilhões.
Regulamentação de Desmatamento da UE
A nova regulamentação da UE, conhecida como Regulamento de Desmatamento (EUDR), proíbe a entrada de produtos no mercado europeu a partir de setembro de 2024, a menos que sejam livres de desmatamento e produzidos legalmente. Esta medida visa combater o desmatamento e garantir práticas sustentáveis.
Desafios para a Nigéria
A Nigéria, que deve produzir 270.000 toneladas de cacau em 2024, enfrenta diversos desafios, incluindo embalagens inadequadas, desmatamento, pragas e doenças. O Comitê Nacional de Gestão do Cacau (NCMC) convocou uma reunião em Abuja para traçar estratégias para aumentar a produção e cumprir os padrões da UE.
Preocupações do Setor
Patrick Adebola, diretor executivo do NCMC, destacou a importância da conformidade com o EUDR para manter o acesso ao mercado europeu, que representa cerca de 70% das exportações de cacau da Nigéria. Ele expressou preocupações sobre a falta de consulta aos países exportadores durante a elaboração do regulamento e a definição de trabalho infantil pela UE, que pode não ser aplicável ao contexto nigeriano.
Adebola também mencionou que a regulamentação proíbe o cacau proveniente de áreas desmatadas, argumentando que plantar cacaueiros em áreas desmatadas não deve ser considerado desmatamento. Ele criticou a rigorosidade do regulamento e pediu mais apoio para ajudar a Nigéria a cumprir os novos requisitos.
Ações e Apelos
Mufutau Abolarinwa, presidente nacional da Associação do Cacau da Nigéria (CAN), enfatizou a necessidade de aumentar a produção de cacau e atender aos padrões de exportação. Ele pediu ao governo que forneça incentivos, especialmente para subsidiar herbicidas e produtos químicos caros, e restabeleça a isenção sobre sacos de juta de hidrocarbonetos necessários para exportação.
Adeola Adegoke, presidente nacional da Associação de Produtores de Cacau da Nigéria (CFAN), destacou o potencial econômico do cacau nigeriano, com o preço de uma tonelada alcançando N11 milhões, o que pode contribuir significativamente para a economia do país.
Com o prazo final de dezembro de 2024 se aproximando rapidamente, a Nigéria precisa implementar estratégias eficazes para cumprir a regulamentação da UE e garantir a continuidade de suas exportações de cacau para o mercado europeu. O apoio do governo e de organizações internacionais será crucial para enfrentar esses desafios e promover práticas sustentáveis na produção de cacau.
Fonte: mercadodocacau
*com informações ntelegraphng